Agricultores fazem greve de fome contra reforma de Modi, e Índia corta internet

Manifestantes criticam medidas que afrouxam regras de venda, fixação de preços e armazenamento de produtos agrícolas

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Singhu (Índia) | Reuters

A Índia bloqueou os serviços de internet móvel em várias áreas ao redor de Nova Déli neste sábado (30) para “manter a segurança pública” enquanto centenas de agricultores começaram uma greve de fome —após vários dias de protestos e confrontos que deixaram um morto e centenas de feridos.

Na terça-feira (26), milhares de agricultores derrubaram bloqueios nas estradas e entraram na capital em cima de tratores para protestar contra as reformas no setor agrícola propostas pelo governo do premiê Narendra Modi.

A data da greve de fome deste domingo foi escolhida para coincidir com o aniversário da morte do líder da independência indiana, Mahatma Gandhi (1869-1948), com o objetivo de mostrar que o movimento não é violento.

fazendeiros apoiados em uma grave
Agricultores perto da vila de Singhu, na periferia de Nova Déli, fazem greve de fome como reformas propostas pelo governo - Adnan Abidi - 30.jan.2021/Reuters

"O movimento dos agricultores foi pacífico e será pacífico", disse Darshan Pal, líder do grupo Samyukt Kisan Morcha de sindicatos agrícolas que organiza os protestos. “Os eventos do dia 30 de janeiro serão organizados para divulgar os valores da verdade e da não-violência.”

Os manifestantes acamparam fora da capital por quase dois meses, representando um dos maiores desafios para o premiê desde que assumiu o poder em 2014. Eles criticam a reforma do governo que afrouxa as regras de venda, fixação de preços e armazenamento de produtos agrícolas.

Uma das maiores mudanças é que, com as novas leis, os agricultores terão permissão para vender seus produtos a preços de mercado diretamente para entidades privadas como empresas agrícolas, redes de supermercados e mercearias.

Atualmente, os agricultores vendem a maior parte de sua produção em mercados atacadistas controlados pelo governo, com preços mínimos garantidos.

No principal local do protesto perto da vila de Singhu, na periferia da cidade, houve uma presença policial intensificada neste sábado, quando centenas de tratores chegaram de Haryana, um dos dois estados no centro dos protestos.

“Muitos grupos de agricultores se juntaram ao local desde a noite passada”, disse o manifestante Mahesh Singh, 65. "Eles vieram para mostrar seu apoio e espera-se que mais agricultores venham nos próximos dois dias."

O Ministério do Interior da Índia disse que a suspensão dos serviços de internet será mantida até 23h de domingo (15h no horário de Brasília) para "manter a segurança pública". As autoridades indianas costumam bloquear os serviços locais de internet para evitar distúrbios.

A agricultura emprega cerca de metade da população da Índia, de 1,3 bilhão de pessoas, e a agitação entre cerca de 150 milhões de agricultores proprietários de terras preocupa o governo.

Nove rodadas de negociações com sindicatos não conseguiram encerrar os protestos, pois os líderes agrícolas rejeitaram a oferta do governo de adiar as leis por 18 meses, pressionando pela total revogação.

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