Dois policiais processam Trump por invasão ao Capitólio em janeiro

Agentes dizem ter sofrido danos físicos e psicológicos e pedem US$ 75 mil de indenização

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Washington | AFP

Dois policiais do Congresso dos Estados Unidos deram entrada em um processo na terça-feira (30) contra o ex-presidente Donald Trump, a quem acusam de incitar o violento ataque de 6 de janeiro contra a instituição. Eles pedem US$ 75 mil (R$ 424 mil) de indenização cada um.

Cinco pessoas morreram e dezenas de agentes ficaram feridos depois de uma multidão de apoiadores de Trump entrar à força na sede do Congresso para tentar impedir a sessão que promulgaria Joe Biden como vencedor da eleição presidencial. A sessão foi paralisada, mas retomada e concluída no mesmo dia.

O ex-presidente Donald Trump acena a apoiadores em Nova York
O ex-presidente Donald Trump acena a apoiadores em Nova York - Carlo Allegri - 9.mar.21/Reuters

A invasão aconteceu poucos minutos depois de o próprio presidente americano, durante comício em Washington, insuflar ativistas a se dirigirem até a sede do Legislativo.

Os dois policiais que apresentaram a ação, James Blassingame e Sidney Hemby, alegam ter sofrido ferimentos físicos e psicológicos nos confrontos que, segundo eles, foram estimulados por Trump. O republicano estava em seus últimos dias na Casa Branca e se negava a reconhecer a vitória de Biden.

"Os insurgentes foram estimulados pelo comportamento de Trump, que ao longo de vários meses levou seus seguidores a acreditar em sua falsa alegação de que estava prestes a ser retirado à força da Casa Branca por causa de uma grande fraude eleitoral", afirmam no processo, apresentado a um tribunal federal em Washington. "A turba de insurgentes, que Trump inflamou, encorajou, estimulou, dirigiu, incitou, entrou à força e passou por cima dos demandantes e seus colegas, perseguindo e atacando eles."

Blassingame, um policial negro há 17 anos no Capitólio, diz ter sido ferido na cabeça e nas costas, além de ter sofrido sequelas psicológicas após o ataque. Também alega ter sido alvo de agressões racistas por seguidores do ex-presidente. Hemby, que trabalha há 11 anos na sede do Congresso, sofreu ferimentos nas mãos e nos joelhos depois de ser pressionado contra as portas do Capitólio. Também foi atingido com produtos químicos no rosto e no corpo.

Após o ataque, Trump foi alvo de um segundo processo de impeachment, que o acusava de ter incitado a invasão —ele foi inocentado pelo Senado. Sua absolvição do impeachment, um processo político, no entanto, não impede processos criminais que o responsabilizem pela invasão.

No dia do ataque, o Capitólio viu cenas de caos. Jornalistas foram trancados num porão e pessoas fantasiadas de vikings confrontaram assessores. Os manifestantes carregavam símbolos de movimentos de extrema direita e bandeiras dos EUA, além de faixas da campanha presidencial de Trump.

Os manifestantes tinham participado de um ato em Washington de apoio a Trump e, logo que o protesto foi encerrado, dirigiram-se para o Congresso, em uma tentativa de pressionar deputados e senadores a não confirmarem a vitória do democrata.

"Nós vamos marchar até o Capitólio. E nós vamos aplaudir nossos corajosos senadores, deputados e deputadas", discursou Trump. "Eu sei que todos aqui vão em breve marchar para o Capitólio para que suas vozes sejam ouvidas de uma maneira pacífica e patriótica", completou. Após o início do confronto, Trump publicou mensagens pedindo aos manifestantes que fossem pacíficos. Mais tarde naquele dia, gravou um vídeo curto, no qual disse "vão para casa, nós amamos vocês, vocês são muito especiais".

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.