Críticas a Bolsonaro dominam debate do Parlamento Europeu sobre pandemia

Eurodeputados criticaram 'negacionismo' e 'necropolítica' do presidente do Brasil em sessão sobre América Latina

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Bruxelas | AFP

Um debate organizado pelo Parlamento Europeu nesta quinta (29) para discutir a pandemia de coronavírus na América Latina virou uma sessão de críticas ao "negacionismo" e à "necropolítica" do presidente Jair Bolsonaro. O objetivo da audiência era discutir o impacto da Covid na região e as possibilidades de ajuda da União Europeia (UE) aos esforços dos governos para enfrentar a crise sanitária.

Os debates pretendiam analisar especialmente a relação entre o elevado nível de desigualdades sociais e econômicas na região, assim como o avanço fora de controle da pandemia, mas as críticas ao líder brasileiro dominaram a sessão. "Por ação ou omissão, a necropolítica de Bolsonaro constitui um crime contra a humanidade que deve ser investigado", afirmou o eurodeputado espanhol Miguel Urbán.

Plenário do Parlamento Europeu, em Bruxelas, na Bélgica, durante sessão realizada em julho de 2020
Plenário do Parlamento Europeu, em Bruxelas, na Bélgica, durante sessão realizada em julho de 2020 - Francois Lenoir - 23.jul.20/Reuters

Outro eurodeputado espanhol, Jordi Solé, advertiu que a gestão da crise de saúde por parte do presidente do Brasil pode "transformar o país em uma incubadora de novas cepas" do coronavírus. Para a legisladora portuguesa Isabel Santos, a situação no Brasil é mais difícil devido ao "irracional negacionismo de Bolsonaro", a quem acusou de "fazer tudo para que a população não seja vacinada".

"Não é um erro, e sim uma irresponsabilidade deliberada", completou.

Os legisladores conservadores que participaram no debate também apresentaram críticas, mas sem mencionar o nome do presidente brasileiro. Para o português Paulo Rangel, o impacto da pandemia foi agravado "por erros políticos e por visões negacionistas, como é o caso do Brasil".

O eurodeputado espanhol Leopoldo López afirmou que é necessário "destacar a negação da gravidade por parte dos governantes de alguns dos países com maior população". A comissária europeia de Estabilidade Financeira, Mairead McGuiness, por sua vez, destacou que a UE já destinou 38 milhões de doses de vacinas contra a Covid a 30 países da América Latina por meio do Covax, mecanismo internacional da OMS (Organização Mundial da Saúde) para fornecer imunizantes a países em desenvolvimento.

O Senado brasileiro instalou nesta semana uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a atuação do governo na pandemia, no momento em que o número de mortos no país se aproximava de 400 mil (barreira ultrapassada nesta quinta).

Desde o início da pandemia no Brasil, em fevereiro de 2020, Bolsonaro se opôs às medidas de isolamento social, rejeitou o uso de máscara, questionou a eficácia das vacinas e defendeu o uso de remédios, como a hidroxicloroquina, sem eficácia comprovada contra a doença.

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