Por trás das touradas, vistosos espetáculos turísticos em que ativistas veem crueldade e aficionados enxergam estratégia, técnica e arte, está uma raça especial de touro cuja criação conserva 500 mil hectares na Espanha —quase o tamanho do Distrito Federal brasileiro.
Chamado de touro de lídia —ou simplesmente touro bravo—, ele é um dos raros herbívoros que atacam para defender seu território em vez de fugir, e seu temperamento selvagem exige que seja criado solto.
Criadores argumentam que sua pecuária é muito respeitosa com os animais e a compara com a do gado de corte, em que um boi pode ser confinado em 9 m² (parâmetro mínimo da União Europeia), é estressado frequentemente e abatido quando atinge cerca de 450 kg, a partir dos 18 meses.
Nos rebanhos de touro bravo, cada um deles pasta no equivalente a três quadras de uma cidade (30 mil m²), método de criação favorável à biodiversidade de plantas e animais segundo o Ministério da Agricultura da região de Extremadura e a Fundação para a Biodiversidade, que firmaram um convênio para apoiar a atividade. Touros bravos também vivem por mais tempo —no mínimo dois anos, quando começa o processo de seleção das fêmeas que serão reprodutoras por até duas décadas.
Enquanto grupos de defesa de animais comemoram a paralisação quase total das touradas espanholas devido à pandemia de coronavírus, membros do setor alertam para um desastre ambiental silencioso e muito mais amplo. Pecuaristas dizem que, sem touradas, as fazendas sustentáveis tendem a desaparecer.
Entenda, em um infográfico, como vivem os touros bravos e como funcionam as touradas.
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