A Nova Zelândia virou referência no controle da pandemia e permitiu a seus cidadãos a retomada da normalidade ainda em 2019, mas uma pesquisa divulgada pela Universidade Massey, publicada neste mês, mostrou que ainda assim o país não conseguiu escapar dos impactos negativos da crise sanitária.
A nação insular do Pacífico registrou aumento da desigualdade, perda de empregos, especialmente entre minorias étnicas, e uma piora na saúde mental de sua população.
O país de 5 milhões de habitantes impôs bloqueios rígidos e regras de distanciamento social que ajudaram a eliminar virtualmente o vírus, somando cerca de 2.200 casos e 26 mortes. Desde junho do ano passado, por exemplo, foram registrados apenas quatro óbitos.
A pesquisa, que ouviu 1.083 neozelandeses entre 15 de fevereiro e 6 de março, mostrou que 46% disseram que eles próprios ou um membro da família tiveram problemas para dormir devido à pandemia —em junho e julho do ano passado, essa cifra era de 43%. Cerca de 40% continuam a dizer que se sentem deprimidos.
"Como um dos poucos países no mundo que voltaram ao 'normal', esperávamos que a saúde mental melhorasse", disse Jagadish Thaker, professor da Escola de Comunicação, Jornalismo e Marketing da Universidade Massey em Wellington, que publicou o relatório. "Mas nossa pesquisa mostra que uma proporção substancial da população ainda está lutando com questões econômicas e de saúde mental."
Agora, o país passa pelo que os economistas chamam de recuperação "em forma de K", na qual as desigualdades aumentam com os mais ricos e companhias maiores enriquecendo e os trabalhadores e empresas menores empobrecendo. Na Nova Zelândia, o quadro é agravado pelo aumento dos preços dos imóveis e pela escassez de moradias.
Um em cada cinco que participaram da pesquisa disse que eles ou um membro da família perderam a renda de um emprego ou negócio, enquanto quase um em nove disse que eles ou um membro da família perderam o emprego ou pediram seguro-desemprego. A pesquisa ainda mostrou que as minorias étnicas mais pobres foram afetadas de forma desproporcional, com grupos de pessoas asiáticas, Māori e Pasifika tendo duas a três vezes mais probabilidade de perder o emprego.
"Esses resultados sugerem que o governo [da primeira-ministra Jacinda Ardern] deve aumentar as políticas de apoio aos indivíduos e comunidades mais afetados pela Covid-19", disse Thaker. As descobertas não só destacam o impacto duradouro da pandemia na vida das pessoas, mas levantam preocupações sobre outras nações que sofrem uma crise mais severa.
A Nova Zelândia entregará seu orçamento anual em 20 de maio, que deve se concentrar no combate à Covid-19 e seu impacto na população e na economia.
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