Advogado de ex-policial condenado pela morte de Floyd pede novo julgamento

Em uma série de moções, defesa de Derek Chauvin alega que houve má conduta do júri

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São Paulo

O advogado de Derek Chavin, ex-policial de Minneapolis condenado pelo assassinato de George Floyd após ajoelhar sobre seu pescoço por quase dez minutos, entrou com uma série de moções nesta terça-feira (4) pedindo um novo julgamento por diversos motivos —incluindo má conduta do júri.

O pedido foi enviado duas semanas após o veredicto que condenou Chauvin em três categorias de homicídio. O caso, registrado em vídeo em 25 de maio do ano passado, fez eclodir uma onda de protestos contra o racismo e a violência policial nos EUA e em mais de 60 países. A sentença foi dada por um grupo de 12 jurados, depois de um julgamento que levou três semanas.

Pessoas marcham nas ruas de Atlanta após o veredicto do julgamento do ex-policial Derek Cahuvin, condenado pelo assassinato de George Floyd
Pessoas marcham nas ruas de Atlanta após o veredicto do julgamento do ex-policial Derek Cahuvin, condenado pelo assassinato de George Floyd - Megan Varner - 20.abr.2021/Getty Images/AFP

Ao juiz distrital Peter Cahill o advogado Eric Nelson disse que Chauvin não recebeu um julgamento justo por várias razões, que incluem a decisão do magistrado de recusar os pedidos para mover o caso para fora do condado de Hennepin, onde Minneapolis está localizada, devido à publicidade do caso e de não isolar o júri durante o julgamento. O advogado diz ainda que o júri se sentiu ameaçado e intimidado.

A moção já era esperada e é uma medida comum após condenações criminais no país.

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Outra razão para pedir o cancelamento do processo foi a divulgação nos últimos dias de uma foto em que um dos jurados aparece numa marcha de aniversário do discurso de Martin Luther King Jr., o que gerou comentários sobre parcialidade no julgamento. Especialistas ouvidos pelo jornal americano The New York Times, no entanto, dizem que é altamente improvável que Chauvin ganhe uma apelação.

Antes do julgamento, todos os jurados em potencial tiveram de preencher um questionário que perguntava se eles ou alguém próximo "participaram de atos sobre o uso da força ou brutalidade policial". Brandon Mitchell, o único jurado a falar publicamente após a condenação de Chauvin, disse ao jornal local Star Tribune que havia respondido "não" à pergunta.

Ele confirmou a presença no ato em Washington para homenagear o ativista e a luta pelos direitos civis e negou que a manifestação fosse uma marcha contra a brutalidade policial.

Os jurados não foram identificados publicamente. O que se sabe a partir dos autos é que o grupo era composto por quatro mulheres brancas, dois homens brancos, três homens negros, uma mulher negra e duas mulheres que se identificam como multirraciais.

O juiz Cahill pode convocar uma audiência para questionar Mitchell e investigar se ele mentiu em seu questionário. Mas, mesmo se o magistrado determinasse que o jurado enganou o tribunal de propósito em seu questionário, isso provavelmente não seria suficiente para rejeitar o veredicto.

As audiências começaram em 29 de março, e 45 testemunhas foram ouvidas, entre policiais, especialistas médicos e transeuntes que presenciaram a abordagem policial.

Ao apresentarem o caso ao longo de mais de duas semanas, os promotores reuniram testemunhas emocionadas, policiais que afirmaram que as ações de Chauvin violaram as políticas do departamento de polícia e especialistas médicos que disseram ao tribunal que Floyd, 46, morreu de asfixia.

Chauvin se declarou inocente de todas as acusações e renunciou ao seu direito de testemunhar perante os jurados. Seu advogado de defesa disse que o ex-agente havia se comportado como qualquer "policial razoável", argumentando que ele seguiu seu treinamento de 19 anos na força.

A duração da pena ainda será anunciada. Chauvin pode pegar até 40 anos de prisão. Como ele é réu primário, uma condenação do tipo geralmente levaria a 12 anos e meio de detenção, mas os promotores podem pedir a ampliação da pena, com base em agravantes.

Com Reuters e The New York Times

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