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Conheça o perfil de 5 nomes eleitos para a Assembleia Constituinte do Chile

Pleito, que também definiu governadores, vereadores e prefeitos, viu presidenciáveis despontarem

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Buenos Aires

No último fim de semana, o Chile elegeu os membros da Assembleia Constituinte que reformulará a Carta do país. Em um recado ao governo do presidente Sebastián Piñera e aos partidos tradicionais, candidatos independentes foram os mais votados e formarão 42% do novo órgão, com 65 das 155 cadeiras.

O revés imposto às legendas de direita não se limitou à composição da assembleia e se estendeu também às disputas de governadores, prefeitos e vereadores —até em locais importantes que dominavam havia décadas. A aliança governista, que concorreu em uma lista única, conseguiu apenas 37 das 155 cadeiras (24%) do órgão constituinte. Já a esquerda, dividida em duas relações, conquistou 53 assentos (34%).

O desempenho dos conservadores terá efeito direto na formulação da Constituição, uma vez que, para aprovar a inclusão de uma pauta no documento, é necessário o apoio de dois terços do plenário. Assim, as 37 cadeiras obtidas no órgão não oferecem força suficiente para, sem alianças, barrar propostas que não desejam, como a diluição do sistema de pensões privadas, a aprovação do aborto, a gratuidade da educação superior e a maior autonomia aos povos originários.

Conheça cinco eleitos para a Constituinte e quem são os dois presidenciáveis que se destacaram neste pleito: o prefeito reeleito da cidade de Recoleta e o ex-ministro de Desenvolvimento de Piñera que conseguiu eleger para a prefeitura da comuna de Las Condes uma apadrinhada como sua sucessora.

Francisca Linconao, eleita para a Assembleia Constituinte do Chile, aguarda em local de votação em Temuco
Francisca Linconao, eleita para a Assembleia Constituinte do Chile, aguarda em local de votação em Temuco - Juan Gonzalez - 16.mai.21/Reuters

Francisca Linconao Huircapan

Aos 62 anos, Francisca foi a candidata mais votada entre os nomes da cota de 17 assentos reservada a povos originários. Ativista e defensora dos direitos humanos, ela é também uma "machi", ou seja, autoridade espiritual do povo mapuche. Em 2013, foi acusada de envolvimento num ataque contra um casal de proprietários de terra assassinado por um grupo de extremistas. Foi presa e investigada por participação no atentado, mas acabou sendo absolvida em 2018.

Marcela Cubillos

Integrante da coalizão governista, Cubillos, 54, fez campanha pela rejeição da nova Constituição chilena. Ex-ministra do Meio Ambiente e da Educação da gestão de Sebastián Piñera, enfrentou professores durante greves nacionais. A advogada também foi aluna de Jaime Guzmán (1946-1991), um dos principais idealizadores da atual Constituição chilena, promulgada durante a ditadura.

Jorge Baradit

O historiador, autor de livros best-seller sobre a história do país, como "Historia Secreta de Chile" e "La Dictadura", Baradit decidiu se candidatar à Assembleia Constituinte "para tentar manter vivo o legado de Salvador Allende", presidente socialista derrubado por um golpe liderado pelo militar Augusto Pinochet. Candidato independente, fez campanha porta a porta em Valparaíso, onde cresceu, e em Santiago.

Giovanna Grandón, conhecida como 'tia Pikachú', durante vistar a bairro na periferia de Santiago
Giovanna Grandón, conhecida como 'tia Pikachú', durante vista à periferia de Santiago - Martin Bernetti - 23.mar.21/AFP

Giovanna Grandón, a 'tia Pikachú'

Eleita pela Lista do Povo, formada em sua maioria por desconhecidos que se definem como lutadores de "toda a história para obter dignidade e justiça", Grandón ficou conhecida por participar das manifestações de 2019 com os trajes do famoso personagem Pikachu. A motorista de ônibus escolar de 45 anos defende que o Estado seja um fiador da população e que os empresários não sejam privilegiados.

Macarena Ripamonti

A centro-esquerdista de 29 anos conquistou a prefeitura de Viña del Mar, que havia 16 anos era governada pela direitista UDI, partido que compõe a aliança Chile Vamos. A vitória de Macarena foi comemorada nas ruas do balneário na noite de domingo. Formada em direito e filosofia, tem origem pobre e trabalhou em lojas de roupas para custear os estudos. Ganhou projeção ao defender o fim da Justiça militar.


Presidenciáveis

Daniel Jadue

Reeleito prefeito de Recoleta com 64% dos votos, o pré-candidato do Partido Comunista à Presidência do Chile surge fortalecido na eleição. Aos 54, neto de imigrantes palestinos, é formado em sociologia e em arquitetura. Recoleta é um reduto de imigrantes e de trabalhadores, seu principal eleitorado.

Joaquín Lavín durante cerimônia de posse no governo chileno, em Santiago
Joaquín Lavín durante cerimônia de posse no governo chileno, em Santiago - Victor Ruiz Caballero - 18.jul.11/Reuters

Joaquín Lavín

Outro presidenciável, Lavín foi um dos poucos nomes da direita a ter o que celebrar na eleição: o ex-ministro de Desenvolvimento de Piñera conseguiu eleger como prefeita da comuna de Las Condes e sucessora dele uma apadrinhada, Daniela Peñaloza. Ele, que se apresenta como pré-candidato da direita ao pleito de novembro e é alinhado ao pensamento econômico da escola de Chicago, é filiado à Opus Dei.

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