Descrição de chapéu Governo Biden Coronavírus

Brasil fica fora da lista de países que receberão 500 milhões de vacinas doadas pelos EUA

Casa Branca divulgou 92 nações de baixa renda e da União Africana que obterão doses da Pfizer

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São Paulo

Os EUA confirmaram nesta quinta-feira (10) que comprarão 500 milhões de doses de vacinas da Pfizer contra o coronavírus para doação e divulgaram a lista dos países que vão receber os imunizantes. Trata-se de, ao todo, 92 nações de baixa renda e da União Africana. O Brasil não está na relação.

Segundo a Casa Branca, essa é a maior compra e doação de vacinas já efetuadas por um único país até agora. A lista dos países de destino das doses foi definida de acordo com o Compromisso de Mercado Antecipado (AMC, na sigla em inglês) da aliança global por vacinação Gavi e inclui diversas nações da África, como Angola, Marrocos, Cabo Verde, Nigéria e Quênia, da Ásia, como Afeganistão, Bangladesh, Índia e Paquistão, e da América Latina e do Caribe, como Haiti, Bolívia, Honduras e Nicarágua.

Frascos de vacinas da Pfizer; EUA comprarão 500 milhões de doses da farmacêutica para doação
Frascos de vacinas da Pfizer; EUA comprarão 500 milhões de doses da farmacêutica para doação - Justin Tallis - 17.nov.20/AFP

As doações serão realizadas pelo sistema Covax, consórcio criado para a distribuição mais igualitária de vacinas no mundo, e a previsão é que 200 milhões de doses sejam enviados até o fim deste ano, a partir de agosto. Os 300 milhões de doses restantes serão entregues no primeiro semestre de 2022, afirma a Casa Branca. Os EUA devem comprar as doses a preço de custo, segundo o New York Times.

De acordo com o governo americano, os 500 milhões de doses serão produzidos nas fábricas da Pfizer nos estados de Michigan, Kansas, Missouri e Massachusetts. No total, elas empregam 7.500 trabalhadores.

"O presidente sabe que fronteiras não conseguem controlar essa pandemia e prometeu que nossa nação seja o arsenal das vacinas. O passo histórico anunciado hoje protege a saúde do povo americano e das pessoas ao redor do mundo, que vão se beneficiar dessas vacinas que salvam vidas", diz o comunicado.

O coordenador da resposta da Casa Branca ao coronavírus, Jeffrey Zients, disse em comunicado nesta quarta (9) que Biden usaria o ritmo da vacinação no próprio país para "reunir as democracias do mundo para resolver esta crise globalmente, com os EUA liderando o caminho para criar um arsenal de vacinas que serão fundamentais em nossa luta global contra a Covid-19".

A negociação foi feita durante as últimas quatro semanas por Zients, de acordo com a Reuters.

Uma outra negociação para comprar um número similar de doses da fabricante Moderna também estaria em andamento, segundo uma pessoa próxima ao caso relatou à emissora americana CNBC. A farmacêutica não respondeu ao pedido de comentários feito pela Reuters.

A iniciativa faz parte dos esforços da gestão democrata para responder às cobranças por ajuda robusta ao programa de imunização de países sem acesso à quantidade necessária de doses para suas populações. Apesar de volumosa, a compra está longe dos 11 bilhões de doses que a OMS (Organização Mundial da Saúde) estima serem necessários para vacinar o mundo.

Os EUA já tinham prometido compartilhar mais de 20 milhões de doses até o fim de junho. O número se somou aos primeiros 60 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca que a Casa Branca já havia se comprometido a distribuir, totalizando 80 milhões de vacinas a serem enviadas ao exterior.

Na semana passada, o governo detalhou parte do plano e disse que vai enviar, inicialmente, 6 milhões de doses para o Brasil e para outros países da América Latina. O compartilhamento será feito via Covax, e ainda não há detalhes oficiais sobre o número de imunizantes que os brasileiros vão receber.

Como as vacinas doadas exigem duas doses, o total que chegará neste primeiro momento à América Latina e ao Caribe será suficiente para imunizar 3 milhões de pessoas —a região tem mais de 438 milhões de habitantes. Apesar da situação grave da pandemia no Brasil, o país não entrou na lista dos que vão receber imunizantes por distribuição direta bilateral, caso da Índia e do México.

Assim como ocorreu com o acesso a respiradores e máscaras ao longo da pandemia, há uma desigualdade na distribuição das vacinas. Os países que tinham mais recursos e poder na geopolítica global chegaram primeiro e reservaram para si a maior parte dos imunizantes disponíveis.

As primeiras compras foram feitas pelos EUA e pelo Reino Unido em maio de 2020, quando as vacinas ainda estavam em desenvolvimento. Os Estados Unidos, por exemplo, têm quantidade suficiente para vacinar três vezes sua população, e o Canadá comprou dez doses por habitante. Enquanto isso, países como Serra Leoa, Mali e Camarões não imunizaram nem 1% de seus moradores.

O cenário é o que o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, definiu, em maio, como "apartheid das vacinas". Adhanom, que também classificou a situação como um "fracasso moral catastrófico", fez um apelo para que os países doem parte de seus excedentes ao Covax.

Hoje, mais de 2,2 bilhões de doses já foram aplicados no mundo, segundo dados da Universidade Johns Hopkins (EUA). Até esta terça (8), 808,9 milhões dessas doses haviam sido aplicadas pela China, líder no número total, seguida por EUA, que já administrou 303,9 milhões, Índia, com 233,7 milhões, e Brasil, com 74,5 milhões, de acordo com o Our World in Data. Em relação à população, dados do New York Times mostram no topo de doses aplicadas por 100 habitantes os Emirados Árabes Unidos (137), Israel (117) e Bahrein (113) —enquanto os EUA apresentam índice de 92, e o Brasil, 35.

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