Descrição de chapéu oriente médio

Refugiado símbolo da comida síria em SP é hospitalizado com Covid ao voltar ao país

Família de Talal Al Tinawi faz vaquinha virtual para cobrir custos de hospital

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Desde que chegou ao Brasil como refugiado de guerra, em 2013, o sírio Talal Al Tinawi ainda não havia retornado ao seu país. Engenheiro de formação, ele ficou conhecido de muitos moradores de São Paulo por vender comida típica por encomenda e em eventos.

No último dia 27, Talal embarcou com a mulher e os três filhos para, oito anos depois, visitar a família em Damasco e ver o túmulo da mãe, que morreu em 2016 sem que ele pudesse se despedir.

O sírio Talal Al Tinawi, fotografado no auditório da Folha, em São Paulo
O sírio Talal Al Tinawi, fotografado no auditório da Folha, em São Paulo - Bruno Santos. - 14.jan.21/Folhapress

Dois dias após chegar, começou a ter sintomas de Covid-19. A doença evoluiu mal, e ele agora está hospitalizado, com 70% do pulmão comprometido e recebendo oxigênio por um aparelho 24 horas por dia.

Talal tem 48 anos e já possuía problemas respiratórios. O restante de sua família apresentou sintomas gripais leves, enquanto ele chegou a ficar, nesta quinta-feira (8), com nível de oxigênio no sangue em 60% —quando a saturação é igual ou menor a 92%, o quadro se torna preocupante.

Lá Fora

Receba toda quinta um resumo das principais notícias internacionais no seu email

Depois de vários dias tentando, sem sucesso, uma vaga em hospitais —lotados de pacientes com Covid—, a família conseguiu interná-lo. “Ele não conseguia respirar, estava muito mal”, diz a mulher dele, Ghazal Baranbo, 38. “Ligamos para vários hospitais públicos, e a resposta era ‘não tem vaga, não tem, não tem’.”

Oficialmente, a Síria registrou, desde o início da pandemia, 25.753 casos e 1.876 mortes, de acordo com dados compilados pela Universidade Johns Hopkins. As infecções, que tinham apresentado tendência de alta em meados de junho, voltaram a cair no final do mês e no início de julho.

O refugiado Talal Al Tinawi, 48, internado com Covid-19 em hospital de Damasco, na Síria
O refugiado Talal Al Tinawi, 48, internado com Covid-19 em hospital de Damasco, na Síria - Arquivo pessoal

A família afirma que os hospitais particulares estão cobrando taxas abusivas para aceitar pacientes. Além disso, cada diária custa US$ 500 (R$ 2.600), e a previsão é que ele fique internado no mínimo oito dias. A conta inclui ainda ao menos duas doses de um antiviral ao preço de US$ 1.200 (R$ 6.300) cada uma.

“Como aqui não tem o medicamento, precisaram importar. E pode ser que ele precise de mais doses depois”, diz o filho mais velho do casal, Riad, 18. “Estamos pagando caro, mas é a única alternativa.”

Para bancar as despesas, a família fez um empréstimo e abriu uma campanha virtual para arrecadar ajuda (disponível neste link). ​“A nossa situação não permite que a gente pague tanto dinheiro assim (...), por isso estou criando essa vaquinha para poder salvar o meu pai”, diz a mensagem escrita por Riad na campanha.

Ghazal, aflita ao falar da situação do marido, está tendo que se dividir entre cuidar de Talal no hospital e dos filhos. A mais nova, Sara, que nasceu no Brasil, tem sete anos. Segundo o médico que atende o sírio, os próximos três dias serão críticos para a evolução do quadro dele. A volta da família para o Brasil está marcada para 9 de agosto, mas, mesmo recuperado, ele não poderá viajar de avião por no mínimo dois meses. “Talvez eu tenha de voltar sozinha com meus filhos para o Brasil”, diz Ghazal.

A família já teve um restaurante no bairro do Brooklin, na zona sul de São Paulo, que acabou fechado, e hoje trabalha com entregas de comida síria e eventos. No ano passado, eles doaram 300 marmitas para idosos em quarentena, em agradecimento pela acolhida do Brasil a eles.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.