Com a expansão da variante delta do coronavírus, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, quase reinstituiu, na segunda-feira (2), a obrigatoriedade de usar máscaras de proteção em locais fechados. Outras cidades e pelo menos um estado já fizeram isso.
As autoridades municipais estão deliberando quais medidas poderão ser necessárias para evitar uma ressurgência mais séria na maior metrópole dos Estados Unidos, que já foi o epicentro da epidemia. O condado de Los Angeles (Califórnia) e a cidade de Washington (capital) readotaram recentemente a exigência de máscaras em ambientes fechados; Louisiana fez o mesmo na segunda, assim como San Francisco e vários condados próximos, no norte da Califórnia.
Mas De Blasio fez um cálculo diferente, dizendo que quer se concentrar em aumentar as taxas de vacinação e teme que exigir que todos usem máscaras retire o incentivo para os que estão pensando em se vacinar agora.
Há meses o médico Jay Varma, principal assessor do prefeito para saúde pública, vem dizendo a De Blasio que a estratégia vencedora é se concentrar na vacinação e que tudo o mais é secundário.
O enfoque de Varma na vacinação parece ter causado forte impressão no prefeito, que disse, na segunda, que "tudo o que fazemos é centrado na vacina".
O país atingiu na segunda-feira a meta do presidente Joe Biden de aplicar pelo menos uma dose da vacina em 70% dos americanos adultos, porém o ritmo da vacinação na cidade de Nova York desacelerou, e houve um rápido aumento de casos de coronavírus —mais de 1.200 por dia, aproximadamente seis vezes o número de junho.
O aumento colocou Nova York sob as novas diretrizes do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC na sigla em inglês), recomendando o uso de máscaras em áreas de alta transmissibilidade, que a agência caracteriza como acima de 50 novas infecções por 100 mil residentes. Os cinco condados da cidade de Nova York estão acima dessa taxa, com Staten Island registrando 157 casos por 100 mil habitantes na última semana, segundo o CDC.
O prefeito De Blasio disse que concorda com a orientação do CDC e salientou que está alinhado com líderes de Nova Jersey e Connecticut que encorajam o uso de máscaras, mas não o exigem.
"Queremos fortemente recomendar que as pessoas usem máscaras em ambientes fechados, mesmo que estejam vacinadas", disse De Blasio.
A frágil recuperação econômica da cidade pode ser um fator nessa decisão; uma obrigação mais geral da máscara poderia reforçar os temores de que ainda seja inseguro voltar ao trabalho e levar os empregadores a reconsiderar seus planos de fazer os trabalhadores voltarem aos escritórios depois do Dia do Trabalho (6 de setembro neste ano). As reuniões em grande escala, como casamentos, também poderão ser postas em xeque.
"Eles não podem voltar a exigir máscaras e achar que os restaurantes vão ficar cheios e as pessoas vão voltar aos escritórios", disse Kathryn Wylde, executiva-chefe da Partnership for New York City, grupo sem fins lucrativos apoiado pelo setor empresarial. Em vez disso, Wylde defende uma ordem nacional de vacinação obrigatória.
A obrigação de usar máscara também poderia interromper o foco de De Blasio no renascimento da cidade, que animou sua administração nos últimos meses, ao trazer os trabalhadores de volta aos escritórios, abrigar um desfile com tiras de papel e apresentar planos de grandes shows em toda a cidade.
De Blasio também disse que uma ordem nesse sentido seria difícil de aplicar.
Pouco depois de ele falar, o deputado Adriano Espaillat e o vereador Mark Levine, presidente da comissão de saúde, pediram que o prefeito aja de maneira mais decisiva no combate ao vírus.
"Não estamos agindo rápido o suficiente para desacelerar isto", disse Levine. "A verdade é que em ambientes públicos, como clubes noturnos ou cinemas, deve-se supor que há uma boa probabilidade de haver um portador do vírus."
Levine e Espaillat afirmaram que Nova York deveria exigir que as empresas como cinemas, bares e academias exijam prova de vacinação para entrar ou prova de que o indivíduo teve resultado negativo em um teste de Covid-19 nas últimas 72 horas.
"Os nova-iorquinos merecem ter a garantia de que alguém ao seu lado em uma área confinada se vacinou ou testou negativo", disse Espaillat.
De Blasio disse que quer se concentrar na vacinação e anunciou, nesta terça (3), a exigência de comprovantes de vacinação ou um teste negativo para frequentar restaurantes, academias e outros espaços fechados, como recomendaram Levine e Espaillat.
Mas o prefeito acredita que os nova-iorquinos serão motivados a se vacinar se acreditarem que depois disso terão mais liberdades, como a possibilidade de viver sem máscara.
"Queremos nos concentrar em vacinação, vacinação, vacinação", disse De Blasio na segunda. "Queremos deixar muito clara a separação entre todas as coisas boas, toda a oportunidade, todos os pontos positivos que estarão disponíveis às pessoas vacinadas, contra um mundo cada vez mais limitado para as que não se vacinarem. Essa é a diretriz estratégica."
De Blasio está preocupado que a obrigação de usar máscara mine os esforços de vacinação em comunidades que estão hesitantes, depois de conversar com líderes dessas comunidades e rever dados de pesquisas, segundo uma pessoa familiarizada com suas ideias.
Eric Adams, candidato democrata a prefeito, disse que concorda que a obrigação de usar máscara não é necessária neste momento.
"Não acredito que ainda discutimos a obrigação, a menos que o CDC nos diga isso; seja qual for a decisão da ciência, devemos segui-la, mas então a responsabilidade pessoal deve entrar em ação", disse Adams a repórteres. "Mas vacinação, vacinação, vacinação. Vamos pôr os pés no chão."
Adams disse que vai distribuir máscaras em comunidades de alto risco neste fim de semana.
O governador Andrew Cuomo disse que os governos locais devem decidir se adotarão as orientações federais sobre máscaras.
"Isso cabe aos governos locais", disse Cuomo. "Mas eles deveriam adotar a orientação sobre máscaras do CDC."
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