Descrição de chapéu Europa

Artista sueco que desenhou Maomé com corpo de cão morre em acidente de carro

Lars Vilks, 75, vivia sob proteção policial desde 2007, quando começou a ser atacado pelo desenho

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Estocolmo | Reuters

O artista sueco Lars Vilks, 75, conhecido após desenhar o profeta Maomé com o corpo de um cachorro, em 2007, morreu em um acidente de carro perto da cidade de Markaryd, no sul da Suécia, neste domingo (3).

Vilks vivia sob proteção policial desde a época da publicação da charge no jornal sueco Nerikes Allehanda, com um editorial que ressaltava a importância da liberdade de expressão. O episódio desencadeou protestos de muçulmanos na Suécia e também no Egito, no Irã e no Paquistão.

No momento do acidente, o artista viajava em uma viatura, que se chocou com um caminhão. Dois policiais também morreram. “É importante que façamos todo o possível para investigar o que causou a colisão”, afirmou a polícia sueca em um comunicado nesta segunda-feira (4).

O artista sueco Lars Vilks em uma casa nos arredores de Nyhamnslage, na Suécia - Bjorn Lindgren - 3.jan.12/AFP

De acordo com as autoridades locais, não há, nos indícios iniciais, sinais de que o acidente tenha sido planejado. A preocupação vem à tona porque Vilks, nascido na cidade de Helsingborg, foi considerado alvo de diferentes atentados desde a publicação da charge do profeta Maomé.

Pouco após o desenho circular na Suécia, o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) ofereceu uma recompensa de US$ 100 mil (mais de R$ 189 mil à época) para quem matasse o chargista. Três anos depois, em 2010, sete pessoas foram presas na Irlanda suspeitas de envolvimento numa tentativa de assassinar Vilks, e dois irmãos suecos também foram detidos acusados de jogar coquetéis molotov na casa do artista.

Também naquele ano, uma cidadã americana apelidada de "JihadJane" foi presa e acusada de estar vinculada a um suposto plano para assassinar o artista. Ele foi, ainda, agredido enquanto dava uma palestra na Universidade de Uppsala, uma das principais da Suécia.

Em 2013, Vilks apareceu na lista dos principais alvos da facção extremista Al Qaeda ao lado de nomes como o de Stéphane Charbonnier, do Charlie Hebdo —semanário satírico francês alvo de um ataque em janeiro de 2015, que deixou 12 mortos, após a publicação de charges ridicularizando Maomé.

Em 2015, sofreu um ataque a tiros em Copenhague, capital da Dinamarca, durante um evento sobre liberdade de expressão que organizava. Ele não se feriu. Em entrevista à Folha em 2010, Vilks disse não ter se arrependido da publicação da charge e que, desde então, vinha fazendo releituras de obras-primas, sempre com o cachorro com a cabeça de Maomé em algum canto.

“Um artista trabalha com provocação. Não fiz nada de errado. O que eu fiz faz parte de uma discussão importante. Não fiz para o público em geral, fiz como uma crítica ao mundo da arte”, afirmou o artista.

Na ocasião, Vilks já vivia escondido. "Minhas cortinas estão fechadas, não posso olhar pela janela para não ser visto. Depois do ataque, a polícia me tirou de casa. Agora, tenho um aparato de segurança para me proteger", descreveu. "Tive de me adaptar —tenho um estúdio, que é só uma mesa, onde pinto e desenho. Não tenho filhos, vivo só. Saio de vez em quando, acompanhado."

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