Homens armados que disseram ser combatentes do Talibã mataram a tiros três convidados de um casamento por tocarem música, informou neste sábado (30) o governo talibã, que condenou o incidente.
Zabihullah Mujahid, porta-voz do Executivo afegão, disse que dois dos três agressores foram presos e que não estavam agindo em nome do grupos extremista islâmico, que voltou ao poder em meados de agosto.
"Ontem [sexta,29] à noite, no casamento de Haji Malang Jan na cidade de Shamspur Mar Ghundi, três pessoas que se apresentaram como talibãs entraram na cerimônia e pediram para parar a música", disse o porta-voz. "Após uma série de disparos, ao menos três pessoas morreram e várias ficaram feridas."
"Dois suspeitos foram presos pelos talibãs e ainda estão buscando o terceiro, que conseguiu escapar", afirmou Mujahid, que defendeu que os agressores "usaram o nome do emirado islâmico para acertar contas pessoais e agora devem enfrentar o peso da lei da sharia".
Qazi Mullah Adel, porta-voz da província de Nangarhar, onde fica a cidade de Shamspur Mar Ghundi, confirmou o incidente sem dar mais detalhes. "Os jovens tocavam música em uma sala separada, três talibãs vieram e atiraram neles. Os dois feridos estão em estado grave", relatou uma testemunha.
Toda a música secular foi proibida pelo Talibã durante seu regime anterior, entre 1996 e 2001. Embora o novo governo islâmico ainda não tenha legislado sobre o tema, o grupo ainda considera que ouvir música não religiosa é contrário à sua visão da lei islâmica. Antes, em entrevista coletiva, o porta-voz do governo disse que os talibãs se opõem a tais atos. "Se alguém decide matar uma pessoa, mesmo que seja um de nossos homens, está cometendo um crime e vamos levá-lo aos tribunais", declarou.
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