Descrição de chapéu Coronavírus

Mundo ultrapassa média de 2 milhões de casos de Covid por dia

Ômicron impulsiona crescimento dos registros, mas avanço da vacinação atenua alta no número de mortes

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Guarulhos e BAURU (SP)

Menos de duas semanas após registrar média móvel de novos casos de Covid superior a 1 milhão pela primeira vez desde o início da pandemia, o mundo ultrapassou a marca de 2 milhões.

O surgimento da variante ômicron foi uma alavanca para o salto nos registros, enquanto na outra ponta o avanço da imunização conseguiu impedir que movimento semelhante se desse no número de mortes.

A média de novos casos diários nesta sexta (7) foi de 2,14 milhões, segundo a plataforma Our World in Data. Trata-se da cifra mais alta desde que o Sars-CoV-2 foi identificado, há pouco mais de dois anos.

Já o número absoluto de novas infecções nesta sexta no mundo foi de 2,88 milhões —marca, porém, sujeita a um possível represamento de dados ligado às festas de fim de ano em muitos países.

Trabalhadores de saúde caminham perto de ambulâncias em hospital de Londres
Trabalhadores de saúde caminham perto de ambulâncias em hospital de Londres - Toby Melville - 7.jan.22/Reuters

É para atenuar esses fatores que se usa a média móvel, recurso que busca dar visão mais precisa da evolução da doença. O cálculo é feito somando o resultado dos últimos sete dias e dividindo o número por sete. No dia seguinte, é acrescentada a informação mais recente e excluída a do dia mais antigo para o novo cálculo da média.

Os recordes de novas infecções continuam a ser registrados em diversos locais. Na França, com os 328.214 diagnósticos desta sexta, a média móvel subiu para 206.286; na Itália, o índice chegou a 142.005. São as maiores cifras dos dois países —que possuem, respectivamente, 11,5 milhões e 7 milhões de casos registrados desde o início da pandemia.

Ainda que o salto no número de diagnósticos preocupe autoridades nacionais e leve governos a retomarem restrições que haviam sido suspensas, os registros de morte em decorrência da Covid não apresentam o mesmo crescimento. De acordo com os especialistas, o efeito é assegurado, em grande parte, devido ao avanço da imunização contra a Covid.

A média móvel de mortes diárias no mundo alcançou 6.056 nesta sexta, ainda segundo a plataforma Our World in Data. Há um ano, o número chegou a ser superior a 18 mil e, em maio e abril do último ano, frente à disseminação da variante delta, girou em torno de 15 mil e 16 mil.

Estudos ainda estão sendo feitos para compreender as características da ômicron e seu potencial de agravar a crise sanitária. A OMS (Organização Mundial da Saúde), porém, já alerta que descrever a cepa como branda é um equívoco, citando o poder de letalidade do vírus —análises preliminares sugerem que ela tem probabilidade menor de causar casos graves da doença.

Sequenciada em novembro por cientistas da África do Sul, a ômicron é altamente contagiosa e tem se tornado a variante predominante em diversas nações, que assistem a uma nova onda da Covid e à consequente saturação dos sistemas de saúde locais.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a cepa já é a responsável por mais de 95% dos novos casos, de acordo com dados divulgados nesta semana pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). O país registrou 662 mil diagnósticos nesta quinta (6).

O cenário tem levado os governos a criarem incentivos à imunização —caso da Alemanha, onde somente aqueles com a dose de reforço serão dispensados de apresentar um teste negativo para frequentar bares e restaurantes. Autoridades também tiveram de recorrer às Forças Armadas para que enviassem equipes médicas a hospitais sobrecarregados, como nos EUA e no Reino Unido.

Também no Reino Unido, um dos primeiros países a observar as consequências da ômicron e retroceder na abertura, um movimento inusitado aconteceu. Com os centros médicos abarrotados de pacientes e falta de mão de obra, devido ao alto número de profissionais infectados e afastados, líderes sindicais apelaram às autoridades nesta sexta para que adiem a entrada em vigor da obrigatoriedade da vacina para trabalhadores de saúde.

Segundo determinação do governo, eles devem tomar a primeira dose até o dia 3 de fevereiro se quiserem manter seus trabalhos. Os sindicalistas argumentam que a medida levará a um êxodo ainda maior dos profissionais, agravando a crise de pessoal vivida no NHS, serviço público de saúde do país.

O etíope Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, voltou a falar nesta quinta (6) em um "tsunami" de novos casos globais impulsionados pela ômicron. Ele repetiu um apelo recorrente desde que o imunizante contra a Covid foi desenvolvido: o de que, sem equidade na distribuição de vacinas, será impossível controlar de fato a pandemia.

De acordo com os cálculos da organização com base na taxa atual de acesso ao imunizante, 109 países (dos 194 que integram a entidade) não cumprirão a meta de vacinar 70% de suas populações até o meio de 2022. Não é a primeira vez que isso acontece: mais de 50 não atingiram meta anterior de vacinar 10% dos habitantes até setembro do ano passado, por exemplo.

A repetição da desigualdade global no acesso aos imunizantes preocupa especialmente à medida que a identificação e a transmissão de novas variantes, como a ômicron, dão visibilidade ao argumento científico de que, sem parcela majoritária da população vacinada, a doença continuará a se propagar com altos níveis de contágio.

"Um pequeno número de países não acabará com a pandemia enquanto bilhões de pessoas permanecerem completamente desprotegidas", ressaltou Adhanom. Pelo menos 36 nações nem sequer alcançaram 10% de cobertura vacinal, ainda segundo a OMS.

Metade da população mundial completou o primeiro ciclo de imunização contra a Covid —tomou as duas doses ou a dose única do imunizante—, enquanto 9,17% estão apenas com a primeira dose.

Essas cifras, no entanto, apresentam variações consideráveis quando a amostra de comparação são os continentes. Líder em imunização, a América do Sul tem 64% da população com esquema vacinal completo, enquanto a África tem somente 9,6%, por exemplo. Os dados são do Our World in Data.

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