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Ex-presidente de Honduras se entrega à polícia após EUA pedir sua extradição

Juan Orlando Hernández, que deixou Presidência do país em janeiro, é acusado de tráfico de drogas

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Tegucigalpa (Honduras) | AFP

O ex-presidente de Honduras Juan Orlando Hernández (2014-2022) se entregou à polícia nesta terça-feira (15), horas após ter vindo a público a informação de que os Estados Unidos haviam pedido sua extradição por acusação de tráfico de drogas. De acordo com um porta-voz da Suprema Corte hondurenha, a entrega se deu devido a um mandado de prisão expedido por um juiz do tribunal.

No início desta terça, a defesa do ex-presidente já havia comentado uma possível ordem de prisão dizendo que "não via a necessidade de prosseguir com a expedição do mandado", uma vez que Hernández "se submeteria voluntariamente ao processo de extradição".

O ex-presidente, porém, saiu de casa algemado e escoltado por cerca de cem policiais que cercavam o local desde a noite de segunda (14). A operação foi transmitida ao vivo pelas emissoras de televisão do país.

O pedido de extradição foi noticiado logo após o Ministério das Relações Exteriores de Honduras informar em sua conta no Twitter que havia enviado um comunicado oficial da chancelaria americana à Suprema Corte solicitando formalmente a prisão provisória de "um político hondurenho" com propósito de extraditá-lo para os EUA.

No último dia 7, o chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, havia declarado que Hernández fora incluído na lista de pessoas acusadas de corrupção ou de minar a democracia do Triângulo Norte da América Central, região que, além de Honduras, inclui El Salvador e Guatemala.

Ex-presidente Juan Orlando Hernández (ao centro), é algemado e escoltado por policiais ao deixar sua casa em Tegucigalpa - Divulgação Polícia de Honduras/AFP

"Os EUA estão promovendo transparência e prestação de contas na América Central, tornando públicas as restrições de visto contra o ex-presidente de Honduras devido a atos de corrupção", detalhou Blinken na ocasião. "Ninguém está acima da lei."

Hernández, que deixou a Presidência hondurenha em 27 de janeiro, após oito anos no cargo, é acusado por promotores de Nova York de ter ligações com o tráfico de drogas desde 2004. Segundo a promotoria, o ex-presidente participou de uma operação para que Honduras recebesse toneladas de cocaína vindas da Colômbia e da Venezuela —o destino final da droga seria os EUA.

Seu irmão, o ex-deputado Tony Hernández, foi condenado em março de 2021 à prisão perpétua nos EUA pelo mesmo crime.

Em comunicado, Blinken observou que, de acordo com vários relatos confiáveis ​​da imprensa, Hernández "se envolveu em corrupção significativa cometendo ou facilitando atos de corrupção e tráfico e usando o produto de atividades ilícitas para campanhas políticas".

O ex-presidente, por sua vez, nega todas as acusações e afirma que elas são uma vingança movida pelos mesmos traficantes que seu governo capturou ou extraditou para o território americano.

A Suprema Corte hondurenha foi aparelhada com partidários do ex-presidente antes de ele deixar o cargo. Com a decisão desta terça, porém, as expectativas sobre sua extradição podem mudar.

Uma demanda do tipo vinda de Washington foi recebida no país como uma maneira de forçar a Justiça de Honduras, historicamente marcada por relatos de impunidade e corrupção, a punir o ex-presidente. O processo de extradição pode durar entre dois e três meses, segundo a defesa de Hernández.

A sigla de JOH, como ele é conhecido, perdeu as eleições para Xiomara Castro, do Libre (Partido Liberdade e Refundação), que se tornou a primeira mulher a assumir a Presidência do país centro-americano. Ela chegou ao poder apoiada pelo marido, o ex-presidente Manuel Zelaya, deposto por um golpe de Estado em 2009.

Além da deterioração econômica e das intensas ondas de emigração, a nova líder hondurenha tem como um dos desafios o combate à corrupção e ao tráfico de drogas no país, anseios que vão ao encontro da agenda do presidente americano, Joe Biden, para a América Central.

O Serviço de Alfândegas e Proteção das Fronteiras (CBP, na sigla em inglês) dos EUA registrou 309 mil detenções de hondurenhos na fronteira sul do país no último ano fiscal, encerrado em setembro de 2021, fazendo da nacionalidade a segunda maior fonte de migrantes para o país, atrás apenas do México, com 608 mil detenções.

Com The New York Times

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