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Esquerda na Colômbia tem melhor desempenho da história em eleições legislativas

Coalizão de Gustavo Petro estará entre maiores bancadas; pleito define nomes na corrida pela Presidência, e pré-candidato governista anuncia desistência

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Bogotá | AFP e Reuters

A esquerda conquistou neste domingo (13) seu melhor desempenho em uma eleição legislativa da Colômbia, segundo resultados parciais. Com 99% dos votos apurados, a coalizão Pacto Histórico, liderada pelo ex-guerrilheiro Gustavo Petro, obteve 16 das 108 cadeiras no Senado. A quantidade a faz a maior força da Casa, ao lado do Partido Conservador —outra força tradicional, o Partido Liberal terá 15 cadeiras.

Centro Democrático, mais à direita, e a aliança centrista Centro Esperanza terão 14 assentos cada um.

Em um palco, Petro segura microfone e dá a mão para um apoiador.
O ex-guerrilheiro Gustavo Petro comemora indicação ao pleito presidencial pela coalizão de esquerda Pacto Histórico - Reuters

Na Câmara dos Deputados, a aliança conquistou 25 das 188 vagas, empatando com os conservadores. Liberais foram escolhidos para 32 cadeiras.

Até agora, o melhor resultado da esquerda no Congresso bicameral do país era o das eleições em 2006, quando alcançou 17 cadeiras em ambas as Casas com o partido Polo Democrático.

Além de escolher os representantes do Legislativo, a Colômbia também definiu os candidatos de três das principais coligações ao pleito presidencial, que ocorre em 29 de maio.

Favorito na corrida presidencial, Petro garantiu a indicação da coalizão Pacto Histórico. Ex-prefeito da capital do país, Bogotá, ele é grande apoiador do acordo de paz do Estado com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), assinado em 2016 pelo então presidente Juan Manuel Santos.

Petro foi guerrilheiro do M-19, força que atuava na luta armada e que, por meio de outro tratado, entrou para a política convencional em 1990. A Centro Esperanza, outra coalizão que elegeu seu candidato, optou por Sergio Fajardo, matemático e ex-governador de Antioquia e ex-prefeito de Medellín. O político, ligado à centro-esquerda, é conhecido pelas reformas na cidade e tem 15% das intenções de votos nas pesquisas.

Já na coligação Equipo por Colombia, à direita, o nome no pleito presidencial será o de Federico Gutiérrez, engenheiro civil que também governou Medellín. Com forte presença nas redes sociais e foco nos eleitores mais jovens, ele soma 10% das intenções de voto.

Com 98% das cédulas contabilizadas, os números indicavam que Petro e Gutiérrez tiveram bom desempenho nas primárias, ficando bem à frente de seus adversários de coalizão. O esquerdista obteve 66% de vantagem contra seu principal rival interno, tendo recebido cerca de 4,5 milhões de votos, enquanto o direitista conquistou pouco mais de 54% (2,1 milhões) em sua aliança.

Fajardo, por sua vez, teve uma disputa mais acirrada e obteve cerca de um terço dos votos —equivalente a pouco mais de 720 mil votos. Na cédula, além dos votos para o Congresso, cada eleitor podia indicar seu preferido em apenas uma coalizão.

Nesta segunda (14), o resultado das primárias já teve seu primeiro grande desdobramento, com a desistência do candidato governista, Óscar Zuluaga. Apoiado pelo atual presidente, Iván Duque, o pré-candidato do partido Centro Democrático anunciou apoio a Gutiérrez, da Equipo por Colombia. "Só unidos poderemos preservar a democracia e a liberdade", disse o político em um post no Twitter.

Alguns eleitores em Bogotá disseram à agência de notícias Reuters que votaram no esquerdista na esperança de que ele possa estimular a geração de empregos. "Quero que tenhamos mais trabalho, para que seja mais fácil conseguir um emprego formal", disse Alberto Lopez, 31, desempregado.

Outros defenderam que a melhor opção seria um presidente centrista para neutralizar a polarização. "Não podemos continuar presos entre Petro e quem for escolhido por Uribe", disse a comerciante Alicia Chavarro, 46, em referência ao ex-presidente, cuja influência foi fundamental nas eleições dos dois últimos líderes colombianos. Uribe é do mesmo partido de Duque e, portanto, apoiará ​Zuluaga no pleito.

Uribe tem um estilo carismático de caudilho que ainda o torna uma peça-chave na política do país, mas os problemas com a Justiça —ele é alvo de processos por corrupção e abuso de direitos humanos— vêm enfraquecendo sua imagem. Os candidatos da direita, em geral, se opõem ao acordo de paz com as Farc e, embora tenham de dar seguimento a sua implementação por razões constitucionais, propõem a redução do alcance de alguns de seus elementos.

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