O premiê britânico, Boris Johnson, fez neste sábado (9) uma visita surpresa à Ucrânia, durante a qual se reuniu em Kiev com Volodimir Zelenski. A visita de Boris é "um gesto de solidariedade ao povo ucraniano" e foi realizada para "apresentar um novo pacote de ajuda financeira e militar", afirmou Downing Street.
A visita encerra semanas de lobby de Boris para encontrar o presidente do país ora invadido. Os líderes têm conversado quase todos os dias desde o início da guerra, segundo assessores do premiê britânico.
Numa entrevista coletiva lado a lado, com as bandeiras dos dois países ao fundo, os líderes se elogiaram pela cooperação desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro.
O líder britânico tem sido um dos apoiadores mais vocais da Ucrânia em meio ao conflito. Junto a outros países do Ocidente, o Reino Unido lidera o esforço para enviar armas a Kiev e impor sanções contra Moscou —neste sábado, Boris prometeu 120 veículos blindados e novos sistemas de mísseis antinavio.
"Outros estados democráticos ocidentais deveriam seguir o exemplo", disse Zelenski, acrescentando que é hora de os países imporem uma proibição completa do fornecimento de energia russo.
Boris respondeu que, junto a seus aliados, aumentará a pressão econômica sobre a Rússia, com novas sanções semana a semana. Além das punições aos oligarcas russos e do congelamento de ativos bancários, outra medida a ser adotada é abandonar o uso de hidrocarbonetos russos, segundo o premiê.
A declaração é cômoda para Boris, porque, segundo o governo britânico, menos de 4% do produto usado no Reino Unido vem de Moscou, diferentemente da Alemanha, por exemplo, cujo nível vai a 40%.
O apoio do primeiro-ministro visa a garantir que "a Ucrânia nunca mais seja intimidada, nunca mais seja chantageada, nunca mais seja ameaçada da mesma maneira", disse Boris. Os corpos de civis mortos nas ruas de Bucha, acrescentou, mancharam permanentemente a reputação de Vladimir Putin.
Depois de falarem com a imprensa, os líderes andaram pelas ruas de Kiev. Sempre acompanhado de Zelenski e de homens fazendo a escolta, Boris, sem colete a prova de balas, conversou com moradores, visitou um monumento aos mortos durante os protestos pró-União Europeia em 2014 e ganhou um galo de cerâmica de uma mulher, encontrado entre os escombros de um prédio destruído em Borodianka.
Na sexta-feira (8), a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, e o chefe das relações exteriores da União Europeia, Josep Borrel, visitaram a cidade de Butcha, nos arredores da capital, onde foram descobertos corpos nas ruas e em valas comuns após a retirada de tropas russas. Em 15 de março, os líderes de Polônia, República Tcheca e Eslovênia também se reuniram com Zelenski em Kiev.
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