Descrição de chapéu Guerra na Ucrânia Rússia

Rússia escolhe general que lutou na Síria para comandar guerra na Ucrânia, diz BBC

Autoridade ocidental diz que indicação de Alexander Dvornikov deve melhorar controle da invasão

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São Paulo

A Rússia nomeou o general Alexander Dvornikov, que tem experiência de combate na Síria, para comandar a invasão da Ucrânia, afirmou a emissora britânica BBC neste sábado (9).

Uma autoridade ocidental disse ao canal, em condição de anonimato, esperar que o comando e o controle da guerra melhorem, após vários reveses de Moscou na ação deflagrada no vizinho em 24 de fevereiro.

Soldado fardado ao lado de destroços
Soldado ucraniano observa casas destruídas em Tchuguiv - Serguei Bobok - 8.abr.22/AFP

Segundo essa fonte, Dvornikov tem muita experiência em operações russas na Síria, país em guerra civil onde Moscou apoia o ditador Bashar al-Assad contra grupos rebeldes desde 2015, com sucesso.

A autoridade disse ainda que a ofensiva tem esbarrado na resistência das tropas de Kiev, ainda que possua contingente maior. De acordo com ele, ao menos que a Rússia mude suas táticas, é difícil ver como Moscou pode ter sucesso mesmo nesses objetivos limitados que restabeleceu para si mesmo.

Até aqui, nunca houve um comandante único designado para a guerra, ao menos em público. De acordo com analistas militares russos, as decisões eram tomadas no âmbito do Estado-Maior das Forças Armadas, sob o comando do general Valeri Gerasimov, mas descentralizadas para generais no campo.

Isso pode explicar a diversidade de objetivos, às vezes conflitantes, que marcou a fase inicial da operação. Sem foco nem concentração de forças, os russos se dispersaram em frentes separadas, levando ao sucesso no sul da Ucrânia e ao fracasso na tentativa de cercar a capital Kiev —alvo abandonado em favor da ação no Donbass, o leste controlado por separatistas pró-Moscou desde 2014.

A indicação de Dvornikov, caso confirmada, mostra que o presidente Vladimir Putin está preocupado com uma solução mais coordenada para a nova etapa do conflito, que já foi anunciada como sendo a tomada das áreas totais das antigas províncias de Lugansk e Donetsk.

Dias antes de anunciar a operação militar na Ucrânia, Putin reconheceu como independentes as autoproclamadas repúblicas separatistas no Donbass. A maioria dos habitantes da região é russófona, e uma das justificativas do Kremlin para a invasão é justamente proteger essas populações do que classifica como um "genocídio" conduzido pelas forças de Kiev.

Dvornikov é conhecido como um comandante implacável, com fama de ações brutais na guerra civil da Síria. Um dos pilares da estratégia russa no país do Oriente Médio foi a intensa campanha de ataques aéreos, que destruíram partes do país e deixaram milhares de mortos. Os bombardeios russos foram fundamentais para virar a maré em favor de Assad e desarticular as forças de oposição. Já não há risco de queda da ditadura aliada, mas as forças russas seguem no país, sem prazo para a retirada.

Algumas das táticas utilizadas pelas forças russas na Síria, como bombardeios em áreas densamente habitadas e a abertura de corredores humanitários para facilitar a rendição de territórios sob ataque, parecem ser empregadas agora na Ucrânia —ainda que Moscou negue mirar alvos civis.

Na sexta-feira (8), ao menos 52 pessoas morreram e outras dezenas ficaram feridas num ataque contra a estação de Kramatorsk, no leste da Ucrânia, onde milhares aguardavam trens para deixar a região. Kiev acusa Moscou de ser responsável pelo ataque, e o Kremlin, por sua vez, afirma que a ação foi feita pela própria Ucrânia, destacando que o míssil era de um modelo utilizado apenas pelas Forças Armadas do país, semelhante a um que teria sido disparado por Kiev contra Donetsk em 14 de março.

A informação do Ministério da Defesa em Moscou é corroborada pelo inventário Balanço Militar, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres. Isso não prova que foi um ataque forjado, claro, pois os russos podem ter o antigo modelo soviético Totchka-U em estoques não operacionais ou ter repassado o armamento para os separatistas do Donbass, que estão participando dos combates.

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