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Guerra da Ucrânia: Conflito avança com bilhões em armas e sem diálogo

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Após mais de dois meses da invasão russa, o conflito se mantém sem sinal de um fim próximo. Os ucranianos planejam um resistência até meados de junho, quando poderiam contratacar. O plano tem como base a previsão de um aumento no poderio armamentista.

Se, no início da guerra, o que os Estados Unidos ofereceram foi uma rota de fuga para Volodimir Zelenski deixar o país, a realidade hoje é outra. O presidente dos EUA, Joe Biden, abriu os cofres com um auxílio bilionário aos ucranianos, que somam apoios.


Além de armas e dólares, os EUA têm oferecido auxílio em inteligência, segundo o New York Times. Reportagem do jornal diz que o exército americano repassou informações que permitiram que os ucranianos atacassem e matassem muitos generais russos.

"Nossos militares estão bem cientes de que os EUA, Reino Unido e a Otan como um todo estão constantemente transmitindo inteligência e outros parâmetros às Forças Armadas ucranianas", afirmou Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin.

Com os dois inimigos armados e sem sinais de abertura de diálogo, o conflito acumula fracassos na diplomacia. Conversamos com Vinícius Rodrigues Vieira, professor de relações internacionais da Faap e da FGV, que explica por que a guerra parece não ter fim.

Por que a diplomacia segue falhando? Toda guerra é uma falha diplomática. O conflito começa porque um país acredita que é possível resolver a questão do ponto de vista militar. A Rússia de Putin fez isso ao invadir. Ela é responsável, mas a falha diplomática é de todos atores envolvidos nas negociações. E a Rússia não ganhou como se poderia imaginar em pouco tempo.

E não há atualmente nenhum movimento de recuo? Não, o cenário hoje é perfeito para a manutenção do conflito. O invasor ainda não conquistou seu objetivo, e a Ucrânia resistiu e angariou apoios que não tinha no início. Lembramos que os EUA ofereceram uma rota fuga para o presidente Volodimir Zelenski em fevereiro. Agora a situação é outra com fomento armamentista, auxílio financeiro do Ocidente.

Por que ninguém consegue mediar? Foram poucos os que se dispuseram a fazer isso. A Turquia, com a guerra no seu quintal, tentou. Israel se colocou, mas ficou inviável. E até o Brasil fez uma proposta, mas sem sucesso.

Nenhum desses países teria tamanho para isso. E União Europeia, EUA e Reino Unido não conseguem mais se colocar numa condição de mediador. A China poderia ser esse ator, mas, na prática, está tomando partido da Rússia, o que deixa o cenário como está, sem um intermediário moderador.

Não se perca

Lembramos as tentativas frustadas de diálogo entre Ucrânia e Rússia até agora. O repórter da Folha Igor Gielow conta como, onde e quando os países se sentaram para conversar.

Turquia - Houve um encontro de alto nível em Antalia (Turquia) entre os chanceleres Lavrov e Kuleba, em 10 de março, rodadas de conversas por vídeo na sequência e um encontro maior em Istambul, mediado pelo Erdogan, em 29 e 30 de março

Online - Desde março, foram apenas conversas por vídeo, aparentemente cada vez mais esparsas, mas sem detalhes.

Houve algum avanço real nesses encontros? Não, eles serviram mais para tentar abrir corredores humanitários, com sucesso bastante limitado, e para ambos os lados apresentarem seus pontos. A Rússia reforçou suas demandas (neutralidade ante a Otan, desmilitarização, cessão da Crimeia e do Donbass), a Ucrânia disse topar neutralidade caso haja garantias externas de segurança. Moscou acusa Kiev de não ceder em nada.

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