Líderes da Convenção Batista do Sul, maior denominação protestante dos EUA, publicaram um relatório de 205 páginas com nomes de religiosos e outros trabalhadores da entidade acusados de abuso sexual.
A divulgação foi feita após uma investigação independente revelar que a igreja escondeu denúncias contra pastores e funcionários durante anos. "Essa lista está sendo divulgada pela primeira vez como um passo inicial, mas importante, para combater o flagelo do abuso sexual e implementar uma reforma na convenção", informou a SBC, sigla para Southern Baptist Convention, em um comunicado.
Investigação divulgada no domingo (22) revelou que, durante quase 20 anos, as vítimas que denunciaram os abusos enfrentaram "resistência, bloqueio e hostilidade absoluta" dos membros do comitê executivo.
Documento de quase 300 páginas sustenta que líderes da igreja encobriram as queixas e permitiram que membros do clero apontados como abusadores continuassem como pastores ou em outras funções de autoridade. Ações judiciais contra a convenção foram desqualificadas como oportunistas e desprovidas de mérito. O relatório foi conduzido durante quase um ano por uma empresa de investigação.
Nesta quinta (27), a SBC disse esperar que "as igrejas usem proativamente a lista [com nomes de acusados de abuso sexual] para proteger e cuidar dos mais vulneráveis". No documento é possível encontrar centenas de nomes e detalhes das acusações, condenações e casos que não foram denunciados à polícia, incluindo abusos contra crianças com até cinco anos de idade.
Em 2019, investigação de dois jornais do Texas revelou mais de 700 vítimas de abuso sexual na SBC desde 1998. A convenção conta com milhares de igrejas e diz ter 13 milhões de membros nos EUA, a maioria dos quais no sul do país, e mais de 40 milhões em todo o mundo.
O escândalo ecoa o enfrentado pela Igreja Católica, que foi abalada quando o jornal Boston Globe revelou, em 2002, que a igreja encobriu por décadas casos de abuso sexual envolvendo o clero. Nos últimos meses, comissões da própria instituição produziram relatórios sobre o tema em Portugal e na França.
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