Itamaraty parabeniza Gustavo Petro e diz que Brasil quer aprofundar relações com Colômbia

Ministério das Relações Exteriores se pronunciou mais de 24 horas após resultado das eleições

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Brasília

Mais de 24 horas após Gustavo Petro se tornar o primeiro presidente de esquerda na história da Colômbia, no domingo (19), o Itamaraty emitiu nota em nome do governo brasileiro o parabenizando pela eleição.

"Ao desejar ao presidente eleito êxito no desempenho de suas funções, o governo brasileiro reafirma seu compromisso com a continuidade e o aprofundamento das relações com a Colômbia, com vistas ao bem-estar, prosperidade, democracia e liberdade de nossos povos", afirmou o ministério nesta terça-feira (21).

O presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda não se pronunciou oficialmente sobre o novo líder colombiano. Na segunda-feira (20), no entanto, em uma lista de transmissão de mensagens que ele mantém no WhatsApp, questionou se o Brasil seria o próximo país a eleger um líder de esquerda.

Gustavo Petro, presidente eleito da Colômbia, ao lado de sua vice, Francia Marquez, em Bogotá
Gustavo Petro, presidente eleito da Colômbia, ao lado de sua vice, Francia Marquez, em Bogotá - Luisa Gonzalez - 19.jun.22/Reuters

​​​Bolsonaro encaminhou no grupo uma imagem de uma reportagem da BBC News Brasil que tem o título "Ex-guerrilheiro vence eleição na Colômbia e será primeiro presidente de esquerda do país". Na sequência, escreveu: "Cuba... Venezuela... Argentina... Chile... Colômbia... Brasil???", numa referência ao fato de a esquerda, com Lula, ter chance de voltar ao poder no país.

Também nesta segunda, Bolsonaro comentou com apoiadores o sequestro do empresário Abílio Diniz por grupos de esquerda, em 1989. Quando uma pessoa citou a Colômbia na conversa, o presidente comentou: "É um ex-guerrilheiro do MIR, movimento de esquerda revolucionária". A fala, porém, não deixou claro se ele falava de Petro —ex-guerrilheiro do M-19— ou à participação de membros do chileno MIR no sequestro.

A Folha questionou o Palácio do Planalto para saber se Bolsonaro se referia, ou não, ao novo presidente da Colômbia, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem. Já o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, afirmou que a relação entre as duas nações independe do governo de momento. "A relação é de Estado para Estado, independentemente do governo", disse.

"[Desejo] sorte ao Gustavo Petro, porque administrar um país na situação que o mundo está enfrentando não é simples. Temos interesses comuns com os colombianos, principalmente na questão da Amazônia."

Segundo ministros e interlocutores de Bolsonaro, o presidente também chamou a atenção para a alta abstenção da eleição colombiana. O voto não é obrigatório no país, e cerca de 45% dos cidadãos aptos a votar não compareceram às urnas. Ainda que alta, a cifra configura a menor abstenção em duas décadas.

Bolsonaro estaria preocupado com uma alta abstenção no Brasil, mesmo com o voto obrigatório.

A vitória de Petro amplia o isolamento de Bolsonaro no continente. Se considerados apenas os vizinhos mais próximos, oito dos 12 países da América do Sul passaram a ser governados por líderes de esquerda, cenário bem diferente daquele que o presidente brasileiro encontrou ao assumir o Planalto, em 2019.

Além disso, a eleição do ex-guerrilheiro teve outro simbolismo: foi reconhecida por seu adversário no segundo turno da eleição, Rodolfo Hernández, menos de uma hora depois da divulgação dos resultados.

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