Alemanha retoma Oktoberfest pós-Covid com cerveja encarecida pela Guerra da Ucrânia

Inflação alta em decorrência do conflito afeta preços do malte, do vidro e até da cola para rótulos das garrafas

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Munique | AFP e Reuters

A Oktoberfest, um dos festivais mais conhecidos da Alemanha e do mundo, teve início neste sábado (17) após dois anos de hiato devido às restrições relacionadas à pandemia de coronavírus.

Milhares de pessoas vestindo os lederhosen, calções de couro típicos da cultura local, reuniram-se para o evento que costuma atrair cinco milhões de visitantes em Munique vindos de vários lugares do mundo. A expectativa é que o evento movimente cerca de € 1,2 bilhão (R$ 6,3 bi) na economia regional.

Homem celebra em meio a multidão durante Oktoberfest, em Munique - Michaela Rehle - 17.set.22/Reuters

O prefeito da cidade, Dieter Reiter, que deu início à celebração com o ato tradicional de quebrar um barril de cerveja com um martelo, disse que o festival, que vai até 3 de outubro, será realizado sem nenhuma restrição relacionada à Covid. O cancelamento em 2020 foi o primeiro desde a Segunda Guerra Mundial; antes disso, em 1854 e 1873, epidemias de cólera impediram a realização do evento.

À agência de notícias Reuters alguns dos presentes, entre as longas mesas onde são vendidas cervejas, salsichas e pretzels, disseram que estavam estranhando a retomada de eventos públicos nessa escala.

O retorno da festa, no entanto, também reflete os efeitos do contexto atual. O salto nos preços de commodities agrícolas e da energia devido à Guerra da Ucrânia criou dificuldades para as cervejarias, que repassaram parte dos custos no preço da bebida. Os alemães estão entre os maiores consumidores de cerveja da Europa –a média do ano passado foi de 84 litros por habitante.

A Federação Alemã de Cervejarias, em comunicado publicado na sexta-feira (16), pediu que o governo alemão haja para impedir que "centenas de empresas do setor alemão de bebidas desapareçam e milhares de trabalhadores fiquem sem emprego". A caneca com 1 litro de cerveja, por exemplo, custará de € 12,60 a € 13,80 (R$ 66 a R$ 72), o que representa aumento de cerca de 15% em relação aos valores de 2019, a última edição pré-pandemia, segundo cálculos da agência Bloomberg.

Segundo a emissora alemã Deutsche Welle, a inflação –de 7,9% ao ano, na Alemanha– atingiu também o preço das garrafas de vidro, que hoje estão 80% mais caras. Na mesma linha, os custos das tampas das embalagens aumentaram 60%, e até a cola para rótulos está em falta. Além disso, as cervejarias dependem do gás natural no processo de fabricação da bebida, e o combustível é um elemento central na guerra energética que se desenhou em paralelo ao conflito principal.

Agente diplomático importante na guerra do Leste Europeu, a Alemanha tem sido um dos países mais afetados pelos cortes no fornecimento de energia que vem da Rússia. Nesta sexta, antevendo a possibilidade de Moscou cortar também o suprimento de petróleo, Berlim assumiu o controle de uma grande refinaria russa. São incertas, porém, a quantidade de óleo bruto armazenada na estrutura e a fonte à qual a Alemanha recorrerá quando os estoques se esgotarem.

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