A pequena cidade de Bodegraven-Reeuwijk, na Holanda, ingressou em uma batalha judicial contra o Twitter para exigir que a plataforma retire do ar uma série de publicações que associam o município a uma teoria conspiratória sobre pedofilia.
O local virou protagonista do boato infundado há dois anos, quando três homens —hoje presos, segundo a rede BBC—, disseminaram a história infundada de que houve ali, nos anos 1980, uma rede de pedófilos adoradores de satanás que abusavam de crianças.
No ano passado, um tribunal local ordenou que os três removessem todos os tuítes sobre o assunto. Eles hoje estão presos por incitação e ameaças de morte contra várias pessoas, incluindo o primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, ainda de acordo com a BBC.
A administração da cidade de 35 mil habitantes, no entanto, almeja que a plataforma retire todas as publicações relacionadas ao tema, mesmo que de outros usuários, e justifica que o assunto tem sido estopim para distúrbios públicos na região.
Seguidores dos homens que criaram a história chegaram a se reunir em um cemitério local para colocar flores e mensagens em túmulos de crianças mortas que, até onde se sabe, não tinham relação alguma com crimes de violência sexual.
O episódio tem sido usado como argumento para a exclusão das postagens. "É muito doloroso, e às vezes até ameaçador para os parentes de crianças falecidas, assim como para aqueles que são acusados injustamente", disse Christiaan van der Kamp, prefeito de Bodegraven-Reeuwijk à época, à rede holandesa RTL.
Durante audiência judicial em Haia que debateu o assunto na sexta-feira (16), o advogado de Bodegraven-Reeuwijk, Cees van de Zanden, defendeu que, se "teóricos da conspiração não removerem as mensagens", as plataformas envolvidas precisam agir.
Ele alegou ter pedido em julho ao Twitter que encontrasse e removesse ativamente todas as mensagens relacionadas à história, mas que não recebeu nenhuma resposta da empresa. O advogado do Twitter, Jens van den Brink, recusou-se a comentar o assunto.
Em 2021, um dos homens responsáveis pelos boatos, Wouter R., então com 53 anos, foi condenado a nove meses de prisão por distribuir vídeos com ameaças a figuras como o advogado do pequeno município.
A Justiça alegou que ele havia ultrapassado os limites da liberdade de expressão ao compartilhar conteúdos que incitavam a violência, com histórias infundadas sobre a rede de pedófilos, e acusar o advogado e outras pessoas de ocultarem crimes de abuso infantil.
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