O mundo de 2022 é completamente diferente daquele que conhecemos até agora.
Após uma pandemia devastadora, nos defrontamos com uma crise energética mundial, desencadeada pela iniciativa da Rússia de trazer a guerra de volta à Europa e sua instrumentalização belicosa de suprimentos energéticos, com o rompimento de contratos de fornecimento e a queima destrutiva de reservas de gás.
Adiciona-se a esse cenário o agravamento constante da crise climática. O aquecimento global aproxima-se rapidamente do limite de 1,5°C com o qual nos comprometemos a evitar. Trata-se de ponto de inflexão que ameaça vidas e meios de subsistência em todo o nosso planeta.
Na próxima conferência sobre o clima COP27, em novembro de 2022, cada país deve definir o que fez e tenciona fazer para limitar o aumento da temperatura mundial ao limite de 1,5°C. Na União Europeia, nossos compromissos estão estipulados em lei: reduziremos as emissões em, pelo menos, 55% até 2030 e alcançaremos a neutralidade climática até 2050.
A UE não reivindica dispor de todas as respostas, e estamos ansiosos por saber como as demais partes estão a cumprir a própria ambição em matéria de clima. Na Europa, tivemos de adotar medidas excepcionais para enfrentar a crise energética provocada pela guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia. Tivemos igualmente de adiar parte do descomissionamento de centrais elétricas a carvão como medida de emergência temporária para o próximo inverno.
No entanto, embora a utilização do carvão tenha aumentado temporariamente em vários países europeus, os prazos nacionais de eliminação progressiva do uso do carvão permanecem inalterados. Estamos a aplicar objetivos de eficiência energética muito mais rigorosos e avançaremos muito mais rapidamente para adotar as energias renováveis, utilizando menos gás do que o inicialmente previsto.
Por conseguinte, nossos compromissos globais em matéria de clima não estão em risco. De fato, aumentamos a nossa ambição para a implementação do uso das energias renováveis nesta década.
É evidente que a crise climática tem um impacto desproporcional sobre populações mais vulneráveis —na Europa e em todo o mundo. À medida que as alterações climáticas se agravam, milhões de pessoas correm o risco de perder suas casas, o abastecimento de água, os meios de subsistência e mesmo a vida, como se verificou recentemente durante graves inundações no Paquistão.
Em todo o mundo, precisamos acelerar as medidas de mitigação para resolver o problema em sua origem. Paralelamente, temos de envidar mais esforços para apoiar a adaptação às alterações climáticas e evitar e acudir às perdas e aos danos delas decorrentes.
A UE continua a ser o maior supridor mundial de financiamento e ajuda humanitária na luta contra as alterações climáticas, tendo disponibilizado quase US$ 28 bilhões em 2020. Os países europeus intensificarão os seus esforços nesse sentido, mas não resolveremos sozinhos esta crise.
São indispensáveis os esforços e a adesão de todos os países, especialmente dos principais emissores, juntamente com uma mobilização maciça de financiamento privado para complementar os fundos públicos.
Chegou o momento de agir. Temos agora de ir além dos compromissos e produzir resultados. Demonstrar êxito através da implementação, influenciar os nossos pares e persuadir os intervenientes em todos os níveis —desde a ONU até os cidadãos— a fazer o que podem.
Durante séculos, drenamos o planeta dos seus recursos e, agora, o planeta está a atingir os seus limites. As soluções e tecnologias estão ao nosso alcance, mas temos de planejar, investir de forma decisiva e, sobretudo, concretizar objetivos. O tempo não está do nosso lado, precisamos agir.
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