Crise do clima é maior ameaça em 19 países, mas não nos EUA

Pesquisas apontam que fake news assustam americanos mais que mudanças climáticas

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Stuart A. Thompson
The New York Times

Quase três em cada quatro pessoas em 19 países acreditam que a desinformação na internet é uma "grande ameaça", afirma uma pesquisa recente do Pew Research Center.

Os entrevistadores pediram a 24.525 pessoas de 19 países com economias avançadas para avaliar a gravidade das seguintes ameaças: mudanças climáticas, disseminação de doenças infecciosas, desinformação online, ataques cibernéticos de outros países e situação da economia global.

Mulher transporta seus pertences em Rajanpur, no distrito de Punjab, no Paquistão, em meio à inundação; cientistas afirmam que eventos extremos do tipo estão relacionados a crise climática - Mansoor - 28.ago.22/Xinhua

As mudanças climáticas foram a preocupação mais votada na maioria dos países, com uma mediana de 75% dos entrevistados dizendo que o fenômeno é uma grande ameaça a seu país. A disseminação de informações falsas ficou logo atrás, com uma mediana de 70% considerando-a uma grande ameaça.

As descobertas se somam às de uma outra pesquisa que o Pew divulgou este ano, com foco nos Estados Unidos. Esta mostrou a desinformação online praticamente empatadas com ataques cibernéticos como a principal preocupação dos americanos —cerca de 7 em cada 10 pessoas disseram que ambos são grandes ameaças.

Em nítido contraste com os outros países onde a pesquisa foi realizada, os Estados Unidos classificaram as mudanças climáticas como a menor ameaça entre as opções sugeridas.

Após vários anos de desinformação sobre eleições e a pandemia de coronavírus, 70% dos americanos hoje acreditam que fake news espalhadas pela internet são uma grande ameaça. Outros 26% a consideram uma ameaça menor, e só 2% dizem que ela não é uma ameaça.

As conclusões colocam os EUA entre os países mais preocupados com a desinformação virtual. Os alemães foram os mais preocupados, com 75% deles dizendo que a questão é uma grande ameaça. Apenas 42% dos israelenses classificaram a questão desse modo, a menor taxa entre os países pesquisados.

Os democratas e pessoas mais instruídas são as mais propensas a classificar fake news como uma grande ameaça. Os republicanos e aqueles menos educados estão menos propensos a considerá-la como tal.

Entre os americanos que votaram no ex-presidente Donald Trump nas eleições presidenciais passadas, 66% disseram que fake news são uma grande ameaça em comparação com 78% dos eleitores que apoiaram o presidente Joe Biden.

Pesquisadores alertaram às fontes antes das entrevistas que pessoas com menos escolaridade e em posições mais vulneráveis —por causa de baixa renda ou saúde precária, por exemplo— estão mais propensas a compartilhar e a acreditar em informações falsas.

Em todo o mundo, os jovens estão menos preocupados com a desinformação do que seus colegas mais velhos. Essa descoberta vai na mesma linha que pesquisas anteriores que mostravam que essa faixa etária tem menos propensão a compartilhar informações erradas online e têm mais confiança para identificar mentiras nas redes sociais.

Jacob Poushter, diretor associado da área de pesquisas de atitudes globais do Pew, sugere que os mais velhos tendem a dar maior importância às ameaças tecnológicas do que a questões como doenças infecciosas ou crises econômicas.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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