Descrição de chapéu partido democrata

Morre Ken Starr, que investigou Bill Clinton no caso Monica Lewinsky

Promotor especial, advogado ficou famoso ao investigar obstrução de Justiça e perjúrio do então presidente americano

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Washington | Reuters

Morreu nesta terça-feira (13) Ken Starr, promotor especial do escândalo sexual envolvendo o então presidente dos EUA Bill Clinton e a ex-estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky em 1998. A morte de Starr, 76, está relacionada a complicações de uma cirurgia, segundo sua família.

Na época do escândalo, o então promotor ficou famoso ao aparecer com frequência em emissoras de TV comentando o caso do democrata. Seu argumento principal era de que nem mesmo o presidente dos EUA estava acima da lei.

O escândalo se concentrou na tentativa de Clinton de encobrir seu relacionamento com Lewinsky –o democrata havia negado ter relações sexuais com a ex-estagiária, o que se comprovou ser mentira. O caso foi enquadrado como obstrução de justiça e perjúrio.

Então promotor Kenneth Starr em depoimento na Câmara dos Deputados dos EUA
Então promotor Kenneth Starr em depoimento na Câmara dos Deputados dos EUA - Gary Hershorn -19.nov.1998/Reuters

Para Starr, a estratégia do presidente poderia embasar pedidos de impeachment —o que por fim foi feito pelo Partido Republicano. A Câmara dos Deputados, com maioria republicana, aprovou o afastamento de Clinton, mas o Senado interrompeu o processo político e o democrata seguiu no cargo até o final de seu mandato.

As investigações ficaram tão populares na época que o relatório final da acusação, com 336 páginas, se tornou um dos livros mais vendidos no país. "De acordo com a senhora Lewinsky, ela fez sexo oral com o presidente em nove ocasiões. Em todas essas ocasiões, o presidente acariciou e beijou seus seios nus", dizia o relatório, conhecido como The Starr Report. "Ela o chamava de lindo e, de vez em quando, ele a chamava de doce, bebê ou querida."

Até pelos detalhes explícitos no relatório, o então promotor foi acusado por críticos de ser um inspetor obcecado por sexo. Em um livro publicado em 2018, Starr escreveu ter se arrependido de focar Lewinsky no caso. "Ao mesmo tempo, como ainda vejo 20 anos depois, não havia alternativa para isso", ponderou.

Starr nasceu na cidade de Vernon, no Texas. Sua carreira profissional foi marcada por fortes laços com o Partido Republicano. Ele, por exemplo, foi conselheiro de William French Smith, o primeiro procurador-geral do então presidente Ronald Reagan (1981-1989). Antes disso, entre 1974 e 1975, trabalhou com o então presidente da Suprema Corte, Warren Burger —nomeado pelo também republicano Richard Nixon.

Em 1989, Starr se tornou "solicitor general", algo equivalente ao posto de advogado-geral da União. No cargo, ele defendeu 25 casos, incluindo processos controversos sobre direito ao aborto e sobre a obrigatoriedade de orações em escolas públicas do país. Por sua proximidade com os republicanos, ele era frequentemente mencionado como um dos favoritos a ser nomeado como juiz da Suprema Corte americana.

Em 2020, atuou como advogado do então presidente Donald Trump durante o processo de impeachment do republicano. Na ocasião, acusou os partidos políticos de usarem processos do tipo como arma. "Assim como a guerra, o impeachment é um inferno", disse ele ao Senado.

Ainda como advogado, defendeu o bilionário Jeffrey Epstein contra acusações de crimes sexuais envolvendo menores na Flórida e conseguiu para seu cliente um acordo que garantiu sentenças menores do que as que eram previstas.

Com The New York Times 

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