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Uma pessoa morre de fome a cada 4 segundos, dizem ONGs

Mulheres e crianças são as principais vítimas da falta de alimentos, salienta o documento, que denuncia falha da comunidade internacional

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Uma pessoa morre de fome no mundo a cada quatro segundos, de acordo com estimativas de 238 ONGs em uma carta aberta publicada nesta terça-feira (20). O documento tem o objetivo de pressionar os líderes reunidos na abertura da 77ª Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, para "agir e deter a crise mundial alimentar".

Organizações de 75 países assinaram uma carta aberta para expressar sua indignação contra a explosão do número de pessoas que sofrem com a fome no mundo. De acordo com o documento, "345 milhões de pessoas no mundo sofrem de fome aguda, um número que mais que dobrou desde 2019".

Ensaio sobre a fome na praça da Liberdade
Ensaio sobre a fome na praça da Liberdade - Rubens Cavallari/Folhapress

Entre as 238 organizações participantes estão Action Against Hunger, Care International, Oxfam, Save the Children, Concern Worldwide, Islamic Relief Worldwide, Plan International, World Vision International e Yemen Family Care Association.

A carta foi aberta para assinaturas online em 15 de setembro e publicada nesta terça-feira (20) pelo coletivo de entidades da sociedade civil (advocacy hub) responsável pelo Segundo Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. As Nações Unidas fixaram uma lista de 17 ODS que devem ser alcançados até 2030. O segundo é erradicar a fome, alcançar a segurança alimentar e melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável.

O documento foi publicado no dia da abertura da reunião anual da Assembleia-Geral da ONU, onde um grande número de líderes políticos e representantes da sociedade civil reúnem-se durante uma semana. O evento é considerado como o mais importante encontro diplomático do mundo.

"É inadmissível que com toda a tecnologia agrícola hoje, nós ainda falamos em fome no século 21", diz em comunicado Mohanna Ahmed Ali Eljabaly, da Yemen Family Care Association.

"Não estamos falando de um país específico ou continente e a fome não tem uma só causa. Estamos falando de uma injustiça que atinge a humanidade inteira. É extremamente difícil ver pessoas sofrendo enquanto outras, que dividem o mesmo planeta, têm muita comida", completa a ativista.

O método utilizado pelas ONGs para o cálculo é explicado em uma nota de rodapé no comunicado. Elas se basearam em números do último relatório de setembro da Rede Mundial sobre Crises Alimentares, criado em 2016 pelo Programa das Nações Unidas pela Alimentação e Agricultura (FAO), do Programa Alimentar Mundial (PAM), da União Europeia e de ONGs.

Mulheres e crianças são as principais vítimas da falta de alimentos, salienta o documento e denuncia que "a comunidade internacional e governos nacionais estão falhando em suas obrigações, priorizando interesses econômicos e políticos em lugar do bem estar dos mais vulneráveis".

O grupo pede que seja criado imediatamente um fundo para salvar a vida de 882 mil pessoas e evitar que outras 50 milhões também enfrentem "níveis catastróficos de fome".

As organizações calculam que seriam necessários aproximadamente U$ 700 bilhões de investimentos, entre 2020 e 2025, para financiar ações para uma agricultura sustentável e garantir um futuro sem fome.

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