Descrição de chapéu Coreia do Norte

EUA e Coreia do Sul reagem com exercícios militares a míssil da Coreia do Norte

Comunidade internacional condena teste sobre o Japão, e Washington reafirma compromisso de defesa

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Tóquio e Seul | Reuters e AFP

O lançamento de um míssil norte-coreano, com o maior alcance já visto para um artefato do tipo de Pyongyang, levou a respostas por parte de rivais regionais da ditadura nesta terça-feira (4), depois de gerar alarme em Tóquio.

Uma série de manobras e testes militares conjuntos envolveram Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos, com caças sobrevoando o mar Amarelo, atingindo alvos definidos, e o mar do Japão.

Jatos sul-coreanos e americanos fazem exercício militar em resposta a míssil norte-coreano - Divulgação Ministério da Defesa da Coreia do Sul - 4.out.22/Yonhap/Reuters

Washington e Seul ainda lançaram quatro mísseis do tipo terra-terra em direção ao mar e um jato da Força Aérea sul-coreana lançou bombas em um alvo na costa oeste do país. O movimento foi definido como demonstração da capacidade de ataque contra provocações norte-coreanas.

A estratégia, porém, acabou assustando os próprios sul-coreanos. Isso porque a falha no disparo de um míssil balístico atingiu a base militar de Gangneung e causou um incêndio na tranquila cidade da costa leste do país. O artefato carregava uma ogiva, mas não explodiu, e não houve vítimas, segundo o Exército.

Nas redes sociais, moradores da região temiam que as chamas tivessem sido obra da Coreia do Norte. "Achei que havia uma guerra, mas era treinamento militar", escreveu um sul-coreano no Twitter, segundo a agência de notícias AFP.

O presidente americano, Joe Biden, reforçou o "compromisso firme" dos EUA com a defesa de Tóquio em telefonema com o primeiro-ministro Fumio Kishida, segundo a Casa Branca. A ligação se deu horas depois de o Japão reportar o lançamento de um míssil balístico da Coreia do Norte, que teria sobrevoado seu território antes de cair nas águas do Pacífico, a 3.000 km da costa.

O artefato, segundo análises preliminares, seria um Hwasong-12, modelo já usado em outros testes da ditadura, e teria sido lançado da província de Jagang. Ele cruzou o território japonês às 7h22 do horário local, viajando por 4.600 km a uma altitude de 1.000 km —a distância é a mais longa já registrada para um projétil norte-coreano e superior à que separa Pyongyang e Guam, território americano no Pacífico.

Líderes regionais e do Ocidente condenaram o teste de Kim Jong-un, com o secretário-geral da ONU, António Guterres, dizendo que o episódio violou resoluções do Conselho de Segurança. Segundo a Casa Branca, aliados trabalharão em estreita colaboração com a Coreia do Sul para coordenar uma resposta imediata e de longo prazo contra Pyongyang.

"[Biden e Kishida] decidiram manter todos os esforços para limitar a capacidade da Coreia do Norte de apoiar seus programas ilegais de mísseis balísticos e armas de destruição em massa", afirmou o documento de Washington, que chamou o teste de ameaça à estabilidade regional.

O Ministério da Defesa japonês, que acrescentou que não tomou ações para abater o projétil, disse que não descarta nenhuma opção, incluindo ações de contra-ataque. O presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, classificou a atitude de Pyongyang de imprudente e bárbara.

Washington convocou uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas para esta quarta (5), com apoio de outros membros do colegiado —Reino Unido, França, Albânia, Noruega e Irlanda. China e Rússia, porém, que têm poder de veto, afirmaram se opor ao encontro, argumentando que a reação do grupo deve ser voltada a aliviar a tensão na península coreana.

Não ficou claro se o conselho se reuniria publicamente ou a portas fechadas, mas diplomatas veem qualquer ação significativa do órgão como improvável.

Devido ao lançamento desta terça, pela primeira vez desde 2017 Tóquio emitiu um alerta pedindo para parte da população buscar abrigo. "Por favor, vá para o interior de um prédio ou para o porão", foi o aviso transmitido pela TV na regiões de Hokkaido e Aomori. O governo também interrompeu o serviço de trens em algumas áreas no norte do país.

A Coreia do Norte está proibida de realizar testes nucleares e lançamentos de mísseis balísticos pelo Conselho de Segurança da ONU, que reforçou as sanções contra Pyongyang para tentar cortar o financiamento desses programas —o que de resto não dissuadiu a ditadura, a ponto de se especular que Kim prepare um teste nuclear para as próximas semanas.

O exercício seria o 7º do tipo do país; o último ocorreu em 2017, um ano antes de o ditador assinar uma vaga declaração que previa a desnuclearização da península coreana.

Ministro da Defesa de Seul, Lee Jong-sup disse ao Parlamento que não está claro que tipo de artefato seria usado —um menor, para uso operacional, ou maior, com mais potência do que em testes anteriores. Deputados citaram autoridades de inteligência dizendo que o exercício pode ocorrer entre o Congresso do Partido Comunista Chinês, neste mês, e as eleições de meio de mandato dos EUA em novembro.

Só neste ano, Pyongyang lançou ao menos 23 mísseis balísticos. O projétil desta terça foi o quinto nos últimos dias. A série se iniciou em meio à visita da vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, à Coreia do Sul na semana passada.

Na ocasião, a americana esteve na zona desmilitarizada que divide as duas Coreias —com 240 quilômetros de extensão, a área foi instituída na década de 1950— e chamou a Coreia do Norte de "um país com uma ditadura brutal, com um programa ilegal de armas e com violações de direitos humanos".

No fim de setembro Washington acionou um porta-aviões na costa sul-coreana pela primeira vez desde 2018.

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