Irã registra noite violenta com ao menos 15 mortes em protestos por Mahsa Amini

Criança de 9 anos está entre mortos em Izeh; chanceler acusa Israel e países ocidentais de desestabilizarem regime

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Imerso em uma onda de protestos, o Irã registrou nesta quarta (16) um dos momentos mais violentos de enfrentamento entre agentes de segurança e civis. Balanço do jornal The Guardian aponta que ao menos 15 pessoas morreram em diferentes partes do país.

Em Izeh, ao sul, ao menos sete pessoas morreram, entre elas um menino de 9 anos, após um confronto em um mercado da cidade. O regime afirma que dois homens, que descreve como terroristas, atiraram contra forças de segurança, que então revidaram.

Iraniana caminha em Teerã perto de mural com pintura que ilustra o aiatolá Ruhollah Khomeini, principal nome da Revolução Islâmica de 1979 e líder supremo do Irã até 1989 - Nazanin Tabatabaee - 7.jul.19/Agência de Notícias da Ásia Ocidental via Reuters

Manifestantes, porém, atribuem as mortes à milícia Basij, ala paramilitar da Guarda Revolucionária do Irã, controlada pelo líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei. A milícia tem atuado na repressão à dissidência no país do Oriente Médio.

Segundo agências de notícias ligadas ao Estado, outras cinco pessoas foram mortas na área de Isfahan, em um episódio separado, e há mais relatos de mortes na região do Curdistão, no noroeste, que elevaram o número de vítimas para ao menos 15.

As manifestações e a repressão do regime foram intensificados desde terça (15), quando organizadores dos protestos conclamaram três dias de ação para celebrar o aniversário dos atos de novembro de 2019, a última grande onda de pressão contra o regime teocrático iraniano, motivada pelo aumento do preço dos combustíveis.

Relatos e vídeos publicados em redes sociais ao longo da quarta-feira mostram cenas de repressão policial em estações de metrô de Teerã. Em um deles, policiais são vistos atirando e batendo em mulheres dentro dos trens, mas as imagens não puderam ser confirmadas de maneira independente.

A onda de protestos atual teve início após a morte da curda Mahsa Amini, em setembro. Em visita a Teerã com a família, ela foi detida pela chamada polícia moral por supostamente não usar o véu islâmico de maneira correta. Amini morreu após ser levada para a delegacia.

O regime afirma que sua morte se deve a problemas cardíacos da jovem, versão que a família e ativistas contestam desde então.

O chanceler do país, Hossein Amirabdollahian, acusou Israel, país com o qual o Irã tecnicamente está em guerra, e serviços de inteligência de países do Ocidente —sem especificar quais seriam— de conspirarem para iniciar uma guerra civil no país. É a retórica oficial do regime para minimizar os atos.

"Os inimigos visam a destruição da integridade e da identidade iranianas, mas devem saber que o Irã não é como uma Líbia ou um Sudão", escreveu no Twitter nesta quinta, em referência aos ditadores Muammar Gaddafi, morto em 2011, e Omar al-Bashir, deposto em 2019 após três décadas no poder.

O Irã tem investido no assédio judicial contra manifestantes e, até o momento, condenou cinco pessoas à morte por participarem dos protestos.

Segundo a ONG Anistia Internacional, os chamados Tribunais Revolucionários do Irã buscam pena de morte para ao menos 21 pessoas. "Isso visa reprimir ainda mais o levante popular que abalou o país e instaurar medo entre o público", disse, em nota.

Com Reuters

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