O fraco desempenho da ala governista nas eleições locais de Taiwan neste sábado (26) levou a presidente do país, Tsai Ing-wen, a renunciar à liderança do Partido Democrático Progressista.
Ainda que as eleições estejam voltadas essencialmente para assuntos domésticos, como a pandemia de coronavírus, a líder descrevia o pleito como uma forma de a população demonstrar —ou não— apoio ao governo, que tem como principal desafio externo a China.
A presidente afirmou que renuncia à liderança porque reconhece a responsabilidade pelo fraco desempenho da legenda nas eleições. O principal partido de oposição, Kuomintang (KMT), mais favorável a relações com Pequim, deve sair vitorioso em 13 das 21 disputas para prefeito e chefes de condados taiwaneses.
"Aceitamos com humildade a decisão do povo taiwanês", disse Tsai a jornalistas na sede do partido, após deixar a liderança, uma prática comum na ilha quando a sigla governista vê seu apoio desidratar —a líder fez o mesmo após os maus resultados de 2018. "Não temos tempo para lamentar; caímos, sim, vamos nos levantar."
Tsai disse ainda que rejeitou uma oferta de renúncia do premiê Su Tseng-chang, também membro do Partido Democrático Progressista. O gabinete de Su disse que ele concordou em ficar devido à necessidade de assegurar estabilidade em meio aos cenários doméstico e internacional.
A vitória mais simbólica seu deu na capital, Taipé, onde Wayne Chiang, do KMT, venceu Chen Shih-chung, governista. "Sei que os resultados decepcionam muitos, mas não podemos perder a esperança; já perdemos outras eleições, mas nunca fomos de fato derrotados", disse ele.
A eleição ocorre cerca de um mês após o 20º do Congresso do Partido Comunista da China, que consagrou o terceiro mandato de Xi Jinping na liderança da potência asiática. Tsai com frequência destacou o fator ao longo da campanha —Pequim considera Taiwan, na prática independente, uma província rebelde que deveria ser reanexada.
O KMT acusou a presidente e seu partido de confrontarem excessivamente a China e concentrou sua campanha eleitoral em críticas à política de combate à Covid na ilha.
Pequim se manifestou sobre as eleições. O Escritório de Assuntos de Taiwan, em comunicado publicado pela agência Xinhua, disse que os resultados revelam que a opinião pública na ilha é a favor da paz e da estabilidade. O texto também reitera que a China segue se opondo à independência de Taiwan e ao que chama de interferência estrangeira.
O pleito local é visto como uma importante mensagem sobre as eleições presidenciais e parlamentares de 2024. Em 2020, Tsai foi reeleita com a promessa de combater os avanços chineses e defender as liberdades de Taiwan. Ela não poderá, porém, disputar o próximo pleito, devido a limites de mandato.
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