Rei Charles é alvo de ovos em York; manifestante é detido pela polícia

Agressor teria gritado 'este país foi construído sobre o sangue de escravos' ao ser contido

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York (Reino Unido) | Reuters

Um homem foi detido pela polícia após supostamente arremessar ovos contra o rei Charles e a rainha consorte Camilla quando eles faziam uma visita oficial a York, no norte do Reino Unido, nesta quarta (9).

Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram quatro ovos sendo lançados em direção ao casal real enquanto este, impassível, segue cumprimentando a população.

O incidente ocorreu no momento em que os moradores da cidade se reuniam no Micklegate Bar, portão medieval e entrada tradicional da realeza na cidade, para dar boas-vindas aos soberanos.

Policiais contém homem que jogou ovo no rei Charles em sua visita a York, no Reino Unido
Policiais contém homem que jogou ovo no rei Charles em sua visita a York, no Reino Unido - Russell Cheyne/Reuters

Segundo relato da BBC, o manifestante teria gritado "este país foi construído sobre o sangue de escravos" ao ser contido pelas autoridades. Outras pessoas na multidão começaram então a zombar dele e a cantar "God Save The King", "Deus Salve o Rei" —a versão personalizada para Charles da frase que dá título ao hino nacional britânico e que se tornou uma espécie de slogan da monarquia.

Esta não é a primeira vez que Charles é alvo de um ataque do tipo. Em 1995, em uma turnê pelo centro de Dublin, manifestantes pró-república da Irlanda do Norte jogaram ovos contra o então príncipe —eles erraram a mira e atingiram um membro de sua comitiva. Em 2002, durante visita a Nottingham, no centro do país, o Rolls-Royce em que ele estava com sua mãe, a rainha Elizabeth 2ª, foi acertado pelo alimento.

Os protestos parecem ter ficado mais recorrentes desde a morte de Elizabeth, em setembro. Se por um lado provocou uma onda de comoção, com homenagens até mesmo de movimentos separatistas, as muitas cerimônias de despedida da soberana também foram palco de críticas ao regime monárquico.

A lei britânica diz que todos têm direito ao protesto pacífico. Embora não haja um item específico sobre isso na Constituição, ele está coberto pelo direito à liberdade de expressão e de reunião, protegidos pelos artigos 10 e 11 da Convenção Europeia de Direitos Humanos, incorporada ao direito britânico.

Por outro lado, as limitações ao direito de protestar na Inglaterra e no País de Gales foram estabelecidas na Lei de Ordem Pública, de 1986, e, neste ano, revistas na Lei de Polícia, Crime, Sentença e Tribunais (PSCS). Criticado por defensores dos direitos humanos, o PSCS ampliou a autoridade policial para coibir protestos e determinar condições a eles, como no caso de atos que os agentes julguem barulhentos.

Está previsto também, na Inglaterra e em Gales, o crime de violação da paz —que existe com o mesmo nome na Escócia. A Irlanda do Norte tem a própria legislação, uma ordem pública determinando condições que podem ser impostas a protestos públicos. Há ainda uma lei de 1848 que estabelece que qualquer pessoa que peça a abolição da monarquia pode ser acusada de ofensa criminal e condenada à prisão perpétua. A lei ainda está em vigor, embora tenha sido aplicada pela última vez em 1879.

Charles realiza uma visita de dois dias pelo norte do país. Em York, ele e a rainha consorte participam da inauguração de uma estátua de Elizabeth, a primeira desde a sua morte, na Catedral de York. Em seguida, o casal viaja a Doncaster para elevar o local à condição de cidade.

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