Em um movimento que prolifera na relação entre Europa e África após pressão de governos e sociedade civil, a Alemanha devolveu nesta terça-feira (20) à Nigéria mais de 20 objetos retirados do território do país à época da colonização britânica.
Esculturas e peças metálicas dos séculos 16 e 18, consideradas valiosos exemplares da arte africana, foram retiradas por tropas britânicas da região, que então correspondia ao Reino do Benin, e posteriormente foram alocadas em museus dos Estados Unidos e da Europa.
A devolução dos objetos de bronze à Nigéria, país independente desde 1960, vem na esteira de medidas semelhantes. Em agosto, um museu de Londres anunciou que devolveria ao país 72 duas peças saqueadas.
Em julho, a Bélgica devolveu uma máscara histórica retirada da República Democrática do Congo. O artefato, tradicional do povo Suku, até então era exibido no Museu da África, baseado na cidade belga de Tervuren.
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, foi a Abuja, capital nigeriana, para a cerimônia de devolução dos objetos. "Estamos devolvendo uma parte da história de vocês, uma parte do que vocês são", disse ela. "Estamos aqui para corrigir um erro."
Muitos dos objetos foram levados da região em 1897, quando uma expedição militar britânica atacou e destruir a cidade de Benín, localizada no atual estado nigeriano de Edo, roubando milhares de esculturas.
Espera-se que movimentos semelhantes de Berlim sejam observados em breve. No início deste ano, a Alemanha assinou uma declaração com a Nigéria para liberar cerca de 1.130 peças de bronze capturadas no país.
O Benín, nação vizinha da Nigéria, inaugurou neste ano uma exposição de obras arte e tesouros devolvidos pela França após dois anos de negociação diplomática. As 26 peças foram roubadas em 1892 por tropas coloniais.
O Reino do Benin, que corresponde a parte do atual território da Nigéria, expandiu-se através de conquistas militares e do comércio. Com a chegada de colonizadores europeus no século 16, converteu-se em palco de comércio de pessoas escravizadas, marfim e especiarias.
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