Descrição de chapéu China

Baixo movimento nas ruas da China reflete cautela com flexibilizações de Covid zero

No metrô de Pequim, muitos assentos estavam vazios durante hora do rush desta sexta

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Pequim | Reuters

Embora a China tenha ampliado a flexibilização das regras de quarentena nos últimos dias, as ruas da capital, Pequim, continuam pouco movimentadas, e empresas têm se mostrado relutantes em abandonar normas que buscam conter a disseminação do coronavírus. A cautela é considerada efeito da rígida política de Covid zero, que nos últimos três anos restringiu as atividades cotidianas do país.

No metrô de Pequim, no horário do rush desta sexta-feira (9) muitos assentos estavam vazios, mesmo com a recente retirada da exigência da apresentação de teste negativo para acessar o transporte público. Restaurantes do centro também registraram pouca procura.

Passageiros se deslocam de metrô em Pequim em meio à flexibilização da Covid zero
Passageiros se deslocam de metrô em Pequim em meio à flexibilização da Covid zero - Ryan Woo/Reuters

Em Wuhan, primeiro epicentro da pandemia, mais pessoas circularam em espaços públicos, mas os moradores afirmam que o retorno ao normal ainda está longe de se concretizar e relatam que ruas antes movimentadas ainda estão vazias.

A China anunciou na quarta (7) as mudanças mais amplas no regime para controlar a Covid desde o início da pandemia, afrouxando regras que impactaram a segunda maior economia do mundo e levaram a uma onda de protestos, com contestações às políticas do líder Xi Jinping. Alguns dos manifestantes, identificados pelo aparato de segurança da ditadura, agora temem retaliações.

Em meio à mudança do discurso das autoridades, que agora relativizam a taxa de letalidade do vírus, a comissão anunciou nesta sexta que irá converter instalações temporárias usadas para tratar pacientes infectados pela Covid em hospitais permanentes. O anúncio sinaliza que o regime está se preparando para um provável aumento de casos.

A disseminação do vírus preocupa também os empresários. À agência Reuters profissionais em cargo de liderança relataram receio de ter de lidar com uma eventual baixa expressiva no quadro de funcionários em razão da doença, o que poderia prejudicar as operações.

A Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis alertou que as infecções por Covid em larga escala podem ter um impacto adverso no mercado automotivo em 2023. "Haverá um caos", diz o consultor Jeffrey Goldstein. "A China está três anos atrasada, então o que vai acontecer aqui é o que aconteceu no resto do mundo."

A despeito dos alertas, a mudança de tom do regime na pandemia é percebida também no Diário do Povo, principal jornal do Partido Comunista Chinês. Ao periódico o epidemiologista Zhong Nanshan disse que 99% das pessoas infectadas pelo vírus se recuperariam em até dez dias, numa declaração impensável na publicação até pouco tempo.

Com a diminuição da exigência de testes e a possibilidade de mais pessoas fazerem isolamento em casa —não mais em centros organizados pela ditadura—, em algumas regiões é notável que há mais liberdade. Em outras, contudo, os hábitos adotados por anos de bloqueio estão se mostrando difíceis de serem rompidos.

Em meio à cautela, a emissora estatal CCTV anunciou novas flexibilizações. Locais de turismo e entretenimento, incluindo teatros, bibliotecas, cibercafés e centros de jogos, já não exigem mais exames com resultado negativo.

A contagem atual da China de 5.235 mortes relacionadas à doença é uma pequena fração de sua população de 1,4 bilhão, extremamente baixa para os padrões globais, mas alguns especialistas alertaram que a conta pode subir acima de 1,5 milhão se a saída da política de Covid zero for muito apressada.

Ainda é cedo, de toda forma, para falar no fim dessa estratégia. Analistas citados pela Reuters afirmam que autoridades trabalham para conviver com um aumento no número de casos sem que isso resulte em crescimento explosivo da cifra de mortes.

Também dizem ser improvável uma reabertura significativa até março, já que a China lançou só há pouco uma campanha de vacinação em massa de idosos.

A China deve registrar um crescimento de 3,5% em 2022, bem abaixo dos 5,5% projetados pelo próprio PC no início do ano e dos 8,1% de 2021, quando o país conseguiu lucrar ao manter o motor ligado enquanto o mundo desacelerava devido à pandemia.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.