O funeral do papa emérito Bento 16, morto neste sábado (31), aos 95 anos, será realizado na praça São Pedro, no Vaticano, no próximo dia 5.
O anúncio foi feito pelo porta-voz Matteo Bruni, que acrescentou que o corpo deve ser exposto para despedidas dos fiéis de segunda (2) a quarta-feira (4). A cerimônia final, às 9h30 do dia 5 (5h30 em Brasília), será presidida pelo papa Francisco.
Nesta semana, o anúncio de Francisco de que seu antecessor estava "muito doente" gerou preocupação e levantou questionamentos sobre quais rituais e procedimentos devem ser adotados em caso de morte de um papa emérito —algo parecido não acontece há seis séculos.
Embora protocolos para a morte de um papa já sejam conhecidos, existem poucas informações sobre a cerimônia fúnebre de um papa emérito.
De acordo com a agência de notícias Associated Press, observadores da Igreja Católica acreditam que os rituais fúnebres de Bento serão semelhantes aos de um bispo aposentado de Roma. Até agora, o que se sabe é que o funeral será realizado na praça São Pedro, em frente à basílica. O enterro deve ser em uma das grutas do Vaticano, onde estão sepultados os corpos de outros 90 líderes católicos.
Bruni disse que as cerimônias serão simples e solenes, atendendo a um pedido que o próprio papa emérito fez ainda em vida. Geralmente, funerais papais atraem chefes de Estado de todo o mundo, mas o Vaticano disse neste sábado que apenas Itália e Alemanha —país natal de Joseph Ratzinger— enviarão delegações oficiais, sugerindo que o evento será o mais discreto possível.
Representantes de outros países ou organizações poderão participar de forma privada, disseram diplomatas.
Além disso, as cerimônias devem ser mais curtas que as realizadas em caso de morte de um papa. Os nove dias de luto oficial após a morte do líder da Igreja, chamados de "novemdiales", provavelmente não serão respeitados com a morte de Bento 16, segundo disseram os especialistas à Associated Press.
Em 2005, após a morte de João Paulo 2º aos 84 anos, milhares de peregrinos enfrentaram longas filas dia e noite para homenagear o líder religioso.
Em 2020, o biógrafo autorizado de Bento, Peter Seewald, disse ao jornal bávaro Passauer Neue Presse que o papa emérito havia preparado um testamento espiritual revelando seu desejo de ser enterrado na mesma cripta onde o corpo de João Paulo 2º ficou até 2011, quando, já beatificado, foi levado a uma outra capela.
Bento 16 anunciou a intenção de renunciar em fevereiro de 2013, chocando uma reunião de cardeais, com a justificativa de que não tinha mais força física e espiritual para administrar a Igreja Católica. Ele deixou o posto formalmente em 28 de fevereiro daquele ano, mudando-se temporariamente para a residência papal de verão ao sul de Roma, enquanto cardeais de todo o mundo iam a Roma para escolher o sucessor. O argentino Francisco, o primeiro papa da América Latina, foi eleito em março de 2013.
Quem são alguns dos outros pontífices que renunciaram
Clemente 1º (92-101): Um dos primeiros papas, teria sido o primeiro a renunciar, por razões que não são claras;
Ponciano (230-235): Renunciou durante a perseguição aos cristãos pelo imperador Maximino;
Marcelino (296-304): Não está certo se abdicou ou se foi deposto após cumprir ordem do imperador Diocleciano de oferecer sacrifícios a deuses pagãos;
Bento 5º (964): Aceitou ser deposto por Otto 1º, imperador do Sacro Império Romano, depois de apenas um mês no posto;
Bento 9º (1032-1045): Deixou o posto após vender o papado a Gregório 6º;
Celestino 5º (1294): Ficou apenas cinco meses no papado e emitiu decreto que permitia a renúncia; foi preso e morreu na prisão;
Gregório 12 (1406-1415): Renunciou para encerrar o Grande Cisma;
Bento 16 (2005-2013): Alegando falta de ‘vigor tanto do corpo como do espírito’ aos 85 anos, surpreendeu ao ser o primeiro papa a abdicar em quase 600 anos; com 95 anos hoje, ainda vive no Vaticano.
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