Itália rompe com China e dispensa policiais de Pequim após denúncias de delegacias ilegais

Nação asiática é acusada de usar seus oficiais pelo globo para intimidar expatriados e dissidentes

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Roma | Reuters

A Itália não permitirá mais que policiais chineses participem de patrulhas em conjunto com os oficiais de seu país. A decisão, anunciada pelo Ministro do Interior italiano em uma entrevista publicada nesta segunda-feira (19), vem na esteira de uma alegação de que a China manteria delegacias ilegais em 54 países, usadas para monitorar, prender e deportar chineses expatriados e dissidentes do regime.

Policial italiano em frente ao hotel Cavalieri Waldfor Astoria, em Roma - Filippo Monteforte - 14.mar.22/AFP

A alegação é da organização de direitos humanos Safeguard Defenders, sediada na Espanha. Um relatório da entidade divulgado há um mês afirma que policiais chineses abriram 102 destes "centros de serviço no exterior" pelo globo e teriam convencido 230 mil chineses a retornar ao país asiático entre abril de 2021 e julho deste ano.

A Itália abrigaria 11 destes estabelecimentos. De acordo com a Safeguard Defenders, no país europeu, os "centros de serviços" estariam ligados justamente a um acordo bilateral de 2015 que permitia aos policiais chineses integrar patrulhas junto com seus homólogos italianos em Roma, Milão, Nápoles e outras localidades.

O Ministro do Interior italiano, Matteo Piantedosi, havia negado que o pacto tivesse a ver com essas supostas instalações em fala ao Parlamento no início do mês. Agora, ele garantiu ao jornal Il Foglio que tais "formas de cooperação não ocorrerão novamente, nem serão replicadas em outras configurações", acrescentando que as patrulhas ocorreram entre 2016 e 2019 mas tinham sido suspensas com a Covid.

As autoridades chinesas negam as acusações da Safeguard Defenders, e afirmam que as unidades eram geridas por voluntários e tinham como objetivo auxiliar os expatriados a renovar documentos e outras burocracias dificultadas pela pandemia. A embaixada da China em Roma não respondeu aos pedidos de esclarecimento da reportagem.

Uma série de países, incluindo Estados Unidos, Canadá, Alemanha e Holanda iniciaram investigações baseadas nos relatórios. Se confirmadas, as denúncias violariam o direito internacional e colocariam Pequim no centro de uma tempestade diplomática global.

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