Rússia volta a atacar Kiev em dia de encontro de Putin com ditador da Belarus

Novos cortes de energia são registrados na capital; Moscou anuncia exercícios militares com Minsk e Pequim

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Kiev | AFP e Reuters

A cidade de Kiev, capital da Ucrânia, voltou a ser atacada com drones nesta segunda-feira (19), dia em que também ocorre uma reunião entre o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e seu aliado Aleksandr Lukachenko, ditador da Belarus, em Minsk.

Autoridades emitiram alertas para que moradores buscassem abrigos, e ao menos quatro explosões foram relatadas na capital. O prefeito Vitali Klitschko disse que a infraestrutura urbana foi atingida e que o acesso à energia elétrica voltou a ser interrompido em algumas regiões.

Bombeiros controlam chamas em área atingida por drone após ataque em Kiev, capital da Ucrânia - 19.dez.22/Divulgação Serviço de Emergência da Ucrânia via Reuters

"Engenheiros estão trabalhando para estabilizar o mais rápido possível o fornecimento de energia e aquecimento", disse ele, que recentemente trocou farpas com o presidente Volodimir Zelenski. "Há danos."

Durante a madrugada no horário local, a agência ucraniana de energia atômica, a Energoatom, emitiu comunicado acusando a Rússia de enviar um drone kamikaze para sobrevoar parte da Usina Nuclear do Sul, ou Usina Nuclear de Pivdennoukrainsk, na região de Mikolaiv.

A agência afirma que um drone Shahed, de fabricação iraniana que possui explosivos em uma ogiva alojada na parte dianteira e é projetado para sobrevoar um alvo até que seja instruído a atacar, foi detectado no início da madrugada. "É uma violação da segurança nuclear."

A viagem de Putin à Belarus abriu o temor de que o encontro com a ditadura aliada possa estreitar os laços e aumentar a participação belarussa na Guerra da Ucrânia. Trata-se da primeira ida do líder russo a Minsk desde 2019, ano que antecedeu intensos protestos na região.

Putin chegou ao país acompanhado de seus ministros da Defesa e das Relações Exteriores, Serguei Shoigu e Serguei Lavrov, respectivamente. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou a agências de notícias russas que a Belarus é o "aliado número um", mas que sugerir que Moscou pressionaria o país para se juntar à guerra (que chama de "operação militar especial") seria uma acusação sem fundamento.

O comandante das Forças Conjuntas das Forças Armadas da Ucrânia, Serhii Naiev, por sua vez, disse acreditar que as negociações em Minsk teriam na pauta "mais agressão contra Kiev" e um maior envolvimento dos militares belarussos na guerra que se desenrola desde fevereiro.

Antes da reunião, o Exército russo anunciou que militares de Moscou participarão de exercícios táticos na Belarus —em outubro, os países anunciarão a formação de uma força conjunta de milhares de soldados.

A Rússia também anunciou que vários navios de guerra participarão nesta semana de treinos conjuntos com a Marinha da China, em mais uma demonstração da aproximação entre Moscou e Pequim, acelerada desde o início da guerra no Leste Europeu.

As manobras devem ocorrer de quarta (21) até 27 de dezembro no mar da China Oriental e incluem lançamentos de mísseis e de artilharia. O Ministério da Defesa russo, em comunicado, justificou que o objetivo seria reforçar a cooperação naval para manter a paz e a estabilidade na região da Ásia-Pacífico.

Ainda nesta segunda-feira, em outra frente que envolve a Guerra da Ucrânia, o Supremo Tribunal da Suécia refutou uma das condições impostas pelo presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, para apoiar o ingresso do país na Otan, a aliança militar ocidental —pedido pleiteado após a invasão russa da Ucrânia.

A alta corte negou o pedido de extradição do jornalista Bulent Kenes feito por Ancara. O profissional é acusado pelo governo de Erdogan de ter sido cúmplice de uma tentativa de golpe de Estado em 2016 e de ser um seguidor do clérigo Fethullah Gülen.

O Supremo Tribunal, porém, sustentou que, além de Kenes ser um refugiado, a alegação de que ele seria membro da organização Fethullah Gülen não seria crime na Suécia. "E existe o risco de perseguição com base em suas crenças políticas", disse o juiz Petter Asp.

Questionado pela agência de notícias AFP, Kenes disse estar feliz e acusou o governo de Erdogan de fabricar mentiras contra ele. "Sou um jornalista, não um terrorista."

A Turquia assinou um memorando de entendimento com Finlândia e Suécia durante a cúpula da Otan, em junho, em sinalização de que apoiaria a entrada dos países nórdicos na aliança militar, mas Erdogan, pouco depois, voltou a ameaçar bloquear a ratificação necessária.

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