Descrição de chapéu Venezuela

Maduro condiciona eleições livres na Venezuela a fim de sanções estrangeiras

Oposição reivindica garantias de pleito justo e com supervisão internacional

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Caracas | AFP

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, condicionou nesta quarta-feira (30) a realização de eleições livres no país à retirada completa das sanções de países como os EUA à sua economia.

"Vocês querem eleições livres? Justas e transparentes? [Queremos] eleições livres de sanções e de medidas coercitivas unilaterais. Que tirem todas, que levem todas para [que tenhamos] eleições frescas e belas", afirmou, em encontro com correspondentes estrangeiros no Palácio de Miraflores, em Caracas.

Maduro já vinha reivindicando o alívio das sanções de EUA, Canadá e União Europeia, mas na declaração desta quarta-feira fez uma relação causal entre essa medida e a realização de um pleito livre.

Nicolás Maduro durante entrevista coletiva com jornalistas estrangeiros no Palácio de Miraflores, em Caracas
Nicolás Maduro durante entrevista coletiva com jornalistas estrangeiros no Palácio de Miraflores, em Caracas - Yuri Cortez - 30.nov.22/AFP

O calendário eleitoral oficial de Caracas prevê uma disputa presidencial para 2024, mas o regime ainda não definiu uma data. Diante da reorganização da oposição, que decidiu realizar primárias para ter um nome único na disputa, representantes do regime ameaçaram até antecipar o processo.

A ditadura venezuelana acaba de retomar o diálogo com a oposição após um ano de suspensão das conversas, em uma negociação na qual o pleito é o tema central. Os opositores reivindicam que o regime ofereça garantias de um processo livre e justo e permita que seja supervisionado de forma independente pela comunidade internacional.

Nesta quarta Maduro falou também sobre o anúncio recente dos EUA de que voltarão a permitir que a Chevron importe petróleo e derivados produzidos em território venezuelano, desde que o gigante estatal do país sul-americano, a PDVSA, não seja beneficiada financeiramente.

Segundo o líder chavista, a concessão americana foi um passo na "direção certa, embora não seja suficiente para o que a Venezuela exige" —a saber, a retirada completa do que chamou de "medidas coercitivas unilaterais" sobre a indústria do petróleo.

"A ideia de tirar a Venezuela do circuito econômico mundial foi uma má ideia, uma ideia extremista do [ex-presidente dos EUA] Donald Trump, e eles estão pagando por isso, porque a Venezuela faz parte da equação energética global", acrescentou Maduro. "Doa a quem doer, temos que estar lá, somos uma grande potência do petróleo e vamos ser uma potência do gás."

Apesar de manter formalmente a linha do governo do republicano de ignorar Maduro devido a questionamentos sobre a legitimidade de sua reeleição em 2018, o governo do democrata Joe Biden tem estabelecido contatos com o líder socialista em meio à crise energética desencadeada pela Guerra da Ucrânia —punições impostas à Rússia, grande produtor de gás e óleo, por invadir o vizinho restringiram esse mercado e levaram a uma alta de preços.

Maduro, que afirmou que a Venezuela foi alvo de 763 sanções, com ao menos US$ 24 bilhões congelados em contas externas, disse esperar que a liberação de recursos para o acordo com a oposição seja imediata. "Esperamos que o cumprimento do pacto não seja atrasado por qualquer motivo."

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