O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, condicionou nesta quarta-feira (30) a realização de eleições livres no país à retirada completa das sanções de países como os EUA à sua economia.
"Vocês querem eleições livres? Justas e transparentes? [Queremos] eleições livres de sanções e de medidas coercitivas unilaterais. Que tirem todas, que levem todas para [que tenhamos] eleições frescas e belas", afirmou, em encontro com correspondentes estrangeiros no Palácio de Miraflores, em Caracas.
Maduro já vinha reivindicando o alívio das sanções de EUA, Canadá e União Europeia, mas na declaração desta quarta-feira fez uma relação causal entre essa medida e a realização de um pleito livre.
O calendário eleitoral oficial de Caracas prevê uma disputa presidencial para 2024, mas o regime ainda não definiu uma data. Diante da reorganização da oposição, que decidiu realizar primárias para ter um nome único na disputa, representantes do regime ameaçaram até antecipar o processo.
A ditadura venezuelana acaba de retomar o diálogo com a oposição após um ano de suspensão das conversas, em uma negociação na qual o pleito é o tema central. Os opositores reivindicam que o regime ofereça garantias de um processo livre e justo e permita que seja supervisionado de forma independente pela comunidade internacional.
Nesta quarta Maduro falou também sobre o anúncio recente dos EUA de que voltarão a permitir que a Chevron importe petróleo e derivados produzidos em território venezuelano, desde que o gigante estatal do país sul-americano, a PDVSA, não seja beneficiada financeiramente.
Segundo o líder chavista, a concessão americana foi um passo na "direção certa, embora não seja suficiente para o que a Venezuela exige" —a saber, a retirada completa do que chamou de "medidas coercitivas unilaterais" sobre a indústria do petróleo.
"A ideia de tirar a Venezuela do circuito econômico mundial foi uma má ideia, uma ideia extremista do [ex-presidente dos EUA] Donald Trump, e eles estão pagando por isso, porque a Venezuela faz parte da equação energética global", acrescentou Maduro. "Doa a quem doer, temos que estar lá, somos uma grande potência do petróleo e vamos ser uma potência do gás."
Apesar de manter formalmente a linha do governo do republicano de ignorar Maduro devido a questionamentos sobre a legitimidade de sua reeleição em 2018, o governo do democrata Joe Biden tem estabelecido contatos com o líder socialista em meio à crise energética desencadeada pela Guerra da Ucrânia —punições impostas à Rússia, grande produtor de gás e óleo, por invadir o vizinho restringiram esse mercado e levaram a uma alta de preços.
Maduro, que afirmou que a Venezuela foi alvo de 763 sanções, com ao menos US$ 24 bilhões congelados em contas externas, disse esperar que a liberação de recursos para o acordo com a oposição seja imediata. "Esperamos que o cumprimento do pacto não seja atrasado por qualquer motivo."
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