Nevasca enfraquece, mas aeroportos seguem lotados, e americanos, sem energia

Companhia aérea teve 11 mil voos cancelados desde quinta; governo diz que não é possível mais atrelar caos aéreo ao fenômeno

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São Paulo

Enquanto a nevasca que matou ao menos 60 pessoas nos EUA perde força, os americanos seguem sofrendo com as consequências do fenômeno climático. Em aeroportos, milhares acompanham cancelamentos e adiamentos de voos, em especial da Southwest Airlines, uma das maiores do país.

O problema começou ainda na semana passada, justamente devido à forte tempestade de inverno. Na ocasião, várias companhias tiveram que cancelar voos por motivos de segurança. Agora, porém, enquanto o setor aéreo vem voltando ao normal, a Southwest segue com grande parte de sua frota paralisada.

Funcionários da Southwest Airlines revistam bagagens no Aeroporto William P. Hobby, em Houston, no Texas
Funcionários da Southwest Airlines revistam bagagens no Aeroporto William P. Hobby, em Houston, no Texas - Brandon Bell/Getty Images via AFP

Só nesta quarta (28), a companhia cancelou mais de 2.500 voos, 62% dos programados para o dia, segundo o serviço de rastreamento FlightAware. Outros 2.300 marcados para quinta também foram cancelados. De acordo com a empresa, pode levar dias para que o serviço seja completamente retomado.

"Não estou brava com eles", disse ao New York Times a passageira Tearsa Aisani Parham, em uma fila no aeroporto internacional de Atlanta. "Estou brava com a maneira como eles fizeram isso." Na sexta (23), cerca de 1.300 voos da Southwest –34% dos voos programados para o dia– foram cancelados. Na ocasião, outras companhias aéreas também tiveram dificuldades e cancelaram 22,5% de seus voos.

Mas, à medida que outras empresas resolveram o imbróglio, os problemas pioraram na Southwest. A empresa cancelou 39% de seus voos no sábado, 46% no domingo e 74% na segunda. No total, quase 11 mil voos da companhia foram cancelados desde quinta-feira, de acordo com o FlightAware.

Por isso, o secretário de Transportes Pete Buttigieg disse que as interrupções no cronograma não eram mais um problema causado pelo clima e que o episódio mostra uma "falha no sistema da empresa".

"Já passamos do ponto em que eles poderiam dizer que é um problema causado pelo clima", afirmou Buttigieg em entrevista à ABC News. "Eles precisam garantir que esses passageiros retidos cheguem aonde precisam ir e que recebam uma compensação adequada, não apenas pelos voos em si, mas também por hospedagem, transporte e refeição", acrescentou. Um dia antes, o executivo-chefe da Southwest, Bob Jordan, pediu desculpas em um vídeo e confirmou que os problemas não devem ser resolvidos rapidamente. "Estamos otimistas de voltar aos trilhos antes da próxima semana", afirmou.

Segundo o New York Times, a origem do problema está no modelo de aviação da empresa: a Southwest é a única companhia do país a adotar o sistema "ponto-a-ponto", no qual os aviões tendem a voar de um destino a outro sem retornar a um ou dois hubs principais. Assim, a agilidade da frota é prejudicada caso algum fenômeno climático obrigue o cancelamento ou o atraso de voos.

Americanos procuram culpados pelas mortes

Moradores das cidades mais afetadas pela nevasca agora tentam achar os responsáveis pelos desastres dos últimos dias. Segundo o Washington Post, a população do estado de Nova York se questiona sobre a demora do governo local em proibir que as pessoas saíssem de casa em meio à tempestade –um porta-voz da cidade de Buffalo disse que mais da metade das mortes ocorreu do lado de fora das residências.

Sol nasce sobre Buffalo, em Nova York, após nevasca que matou ao menos 60 pessoas nos EUA
Sol nasce sobre Buffalo, em Nova York, após nevasca que matou ao menos 60 pessoas nos EUA - Joe Viera/AFP

O condado de Erie, por exemplo, emitiu uma proibição de viagem pouco antes das 9h de sexta, dando aos motoristas apenas 41 minutos de alerta. Nessa hora, segundo o jornal, várias pessoas já estavam no trânsito em direção ao trabalho. Ao menos 28 pessoas morreram no condado.

Em outra frente, aponta a reportagem, autoridades locais teriam minimizado a força da nevasca e presumido que já estavam prontas para esse tipo de situação. Erro de cálculo, ainda mais para um estado com uma equipe de emergência 10% menor do que no mês passado –problema causado por baixos salários e esgotamento. Em áreas rurais, muitos socorristas atualmente são voluntários.

Além disso, a população de Buffalo reclama da falta de vagas em abrigos. Muitos residentes vivem em prédios precários, e a falta de energia os deixou sem comida, aquecimento e água corrente desde sexta.

Com The New York Times e Reuters

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