Sistema Patriot dos EUA não resolve conflito na Ucrânia, diz Rússia

Kremlin volta a acusar Washington de travar espécie de guerra por procuração contra Moscou no Leste Europeu

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O anúncio do envio do sistema de defesa antiaéreo Patriot dos EUA para a Ucrânia consolida mais uma prova de que Washington trava uma guerra por procuração no Leste Europeu, disse nesta quinta-feira (22) o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Falando a jornalistas, o russo disse que o envio do equipamento, considerado um dos sistemas mais sofisticados contra aeronaves, não contribui para resolver a Guerra da Ucrânia e não impedirá Moscou de atingir seus objetivos no conflito, que passa de 300 dias.

Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, durante evento em Moscou - Maxim Shemetov - 9.mai.22/Reuters

"Isso não ajuda a obter um acordo, muito pelo contrário", afirmou. Peskov disse que o envio do sistema, anunciado durante visita do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, à Casa Branca, nesta quarta (21), mostra que o Ocidente não está preocupado em negociar com a Rússia.

Pouco depois, o presidente russo, Vladimir Putin, chamou o sistema Patriot de "bastante velho" e disse que ele não funciona como seu equivalente russo, o S-300. "Vamos levar isso em consideração e um antídoto [ao Patriot] sempre será encontrado."

Ainda de acordo com Putin, a Rússia quer o término do conflito na Ucrânia. "Nosso objetivo não é girar o volante do conflito militar, mas acabar com esta guerra. Estamos lutando por isso. Vamos nos esforçar para acabar com isso, e quanto mais cedo melhor, é claro."

A visita de Zelenski aos EUA foi a primeira ida a outro país desde o início do conflito em seu país, em fevereiro. O envio do sistema Patriot, que ainda demandará treinamento de tropas ucranianas para manejá-lo, pode mudar o rumo da guerra no Leste Europeu.

A reunião com Biden na Casa Branca também estreita os laços entre os dois líderes, com o americano se consolidado como o principal aliado de Zelenski após seu país ser o que mais enviou armas para Kiev em comparação com qualquer aliado europeu.

Enquanto isso, na União Europeia (UE), o presidente da França, Emmanuel Macron, que viu na guerra oportunidade de assumir protagonismo diplomático no que tange a Rússia após a saída da ex-primeira-ministra alemã Angela Merkel de cena, voltou a defender que garantias de segurança sejam oferecidas à Rússia.

A visão, contrariada por alguns aliados europeus, é polêmica. "Todos que estão me dando lições de moral deveriam me explicar quem estará na mesa de negociações", disse Macron na quarta a jornais internacionais, entre eles o americano The Wall Street Journal. "Não quero que apenas os chineses e os turcos negociem o que está por vir."

Macron também falou sobre a Otan, aliança militar ocidental, e sugeriu que a Europa precisa assumir maior protagonismo, reduzindo a dependência em relação aos EUA e desenvolvendo suas próprias capacidades de defesa militar. Quanto à Ucrânia, disse que é pouco provável que o país passa a integrar a Otan.

Enquanto isso, no front da guerra, Valeri Gerasimov, chefe das Forças Armadas russas, afirmou que a situação de suas tropas na linha de frente é estável e que o objetivo central é "continuar a liberação do território de Donetsk", uma das duas províncias que formam o Donbass, o leste russófono ucraniano.

Gerasimov também falou sobre os exercícios conjuntos das Marinhas de Rússia e China realizados ao longo dessa semana e disse que se tratam de uma reação a uma "posição agressiva" dos EUA na Ásia.

"É uma reação natural à acumulação de potencial militar americano na região", disse ele. "Nosso objetivo é aumentar a capacidade de resistir a novos desafios e ameaças."

Com AFP e Reuters

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