Dona de funerária é condenada a 20 anos de prisão por vender partes de corpos nos EUA

Megan Hess comercializou restos mortais de mais de 500 cadáveres e entregou cinzas falsas às famílias

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Washington | Reuters

A proprietária de uma funerária no estado do Colorado, nos Estados Unidos, foi condenada a 20 anos de prisão por comercializar restos mortais de centenas de corpos sem a autorização das famílias. Megan Hess, 46, que admitiu o crime, entregava cinzas falsas aos clientes.

A mulher administrava a funerária Sunset Mesa na cidade de Montrose. Segundo as investigações, ela vendeu partes de aproximadamente 560 cadáveres para uso em pesquisas não regulamentadas. A mãe de Hess, Shirley Koch, 69, admitiu ser cúmplice e foi condenada a 15 anos de prisão.

Megan Hess, proprietária de funerária no Colorado, durante entrevista
Megan Hess, proprietária de funerária no Colorado, durante entrevista - Mike Wood - 23.mai.16/Reuters

"Elas usaram a casa funerária para roubar corpos e partes deles usando formulários de doação fraudulentos", disse o promotor Tim Neff no processo. "A conduta de Hess e Koch causou imensa dor emocional às famílias e a parentes próximos das vítimas."

A comercialização de órgãos como corações e rins é ilegal nos Estados Unidos. Mas a venda de partes da cabeça, dos braços e da coluna para fins de pesquisa ou educação não é regulamentada —a dupla teria explorado essa brecha na lei.

Segundo os promotores do caso, Hess e Koch cometeram os crimes de fraude e de roubo, já que as famílias não autorizaram a comercialização dos restos mortais. Investigações apontam que elas também vendiam partes com doenças infecciosas, o que também é ilegal. Já as empresas não tinham conhecimento de que estavam adquirindo partes humanas obtidas de forma fraudulenta.

As mulheres foram presas em 2020. À época, um processo indicou que algumas famílias concordaram em doar pequenas amostras, como fragmentos de pele, para fins científicos, mas que a comercialização de "partes do corpo ou de corpos inteiros" não foi autorizada. Os crimes ocorreram de 2010 a 2018.

Hess cobrava US$ 1.000 (R$ 5.445) para cremar corpos —o combinado era que os restos mortais fossem devolvidos às famílias. Ela também oferecia cremações gratuitas em troca da doação de um corpo.

No julgamento, a defesa associou o crime a uma lesão cerebral sofrida por Hess quando tinha 18 anos, o que teria provocado um "declínio cognitivo observável". O advogado disse ainda que a mulher vem sendo chamada injustamente de bruxa e de monstro. Já o advogado de Koch alegou que ela cooperou com as autoridades e "infringiu a lei num esforço equivocado" para ajudar a filha e em busca de curas médicas.

Promotores enfatizaram a natureza macabra do esquema e descreveram o caso como um dos mais chocantes da história recente dos EUA. "Este é o caso emocionalmente mais desgastante que já vi no tribunal", disse a juíza Christine Arguello durante audiência realizada na terça (3).

Representantes de 26 vítimas descreveram o horror ao descobrir o que havia acontecido. "Desmembraram nossa mãe. Não temos nem sequer um nome para um crime tão hediondo", disse Erin Smith. "Nunca ficarei bem", acrescentou Tina Shanon. Segundo os promotores, mais de 200 famílias foram enganadas.

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