Descrição de chapéu BBC News Brasil mudança climática

Nova York aprova compostagem com restos humanos

Prática é considerada mais ecológica do que cremação ou enterro tradicional, mas recebe críticas de setores como a igreja

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James Fitzgerald
BBC NEWS

Nova York se tornou o mais recente estado americano a autorizar a compostagem humana. Assim, pessoas podem ter seu corpo transformado em composto orgânico para adubo —o que é visto como uma alternativa sustentável ao enterro ou à cremação.

Também conhecida como "redução orgânica natural", a prática consiste em deixar o corpo se decompor ao longo de várias semanas dentro de um compartimento fechado. Em 2019, Washington foi o primeiro estado dos EUA a legalizar o procedimento. Colorado, Oregon, Vermont e Califórnia seguiram o exemplo.

Composto pode ser usado no plantio de flores, hortaliças ou árvores
Composto pode ser usado no plantio de flores, hortaliças ou árvores - Getty Images/BBC News Brasil

Nova York é, portanto, a sexta jurisdição americana a permitir a compostagem humana, após a governadora do estado, a democrata Kathy Hochul, sancionar a legislação no último sábado (31).

O procedimento é realizado em instalações especiais acima do solo. O corpo é colocado dentro de um compartimento fechado com matéria orgânica selecionada, como lascas de madeira, alfafa e palha de capim, e gradualmente se decompõe sob a ação de micróbios.

Após cerca de um mês —e um processo de aquecimento para eliminar contaminação—, os entes queridos recebem o solo resultante. O composto pode ser usado no plantio de flores, hortaliças ou árvores.

Uma empresa americana chamada Recompose afirma que seu serviço pode economizar 1 tonelada de carbono em comparação com uma cremação ou um enterro tradicional. Emissões de dióxido de carbono são um dos principais fatores que contribuem para a crise climática, porque retêm o calor da Terra em um fenômeno conhecido como efeito estufa.

Enterros tradicionais, que envolvem um caixão, também consomem madeira, terra e outros recursos naturais. Defensores da compostagem humana afirmam que ela não só é uma opção mais sustentável, como também mais prática em cidades onde o terreno destinado a cemitérios é limitado.

A aprovação do procedimento por Nova York foi "um grande passo para a morte verde acessível a nível nacional", declarou um provedor do serviço em Washington, o Return Home, ao jornal New York Post.

Mas, para algumas pessoas, há questões éticas sobre o que acontece com o solo resultante da compostagem. Bispos católicos de Nova York se opuseram à legislação, argumentando que corpos humanos não deveriam ser tratados como "lixo doméstico".

Preocupações também foram levantadas em relação ao custo da compostagem. Mas a empresa Recompose —cuja unidade em Seattle é uma das primeiras do mundo— afirma que sua taxa de US$ 7.000 (cerca de R$ 36,5 mil) é comparável à taxa das opções concorrentes.

A média de preço de um funeral com enterro nos EUA foi de US$ 7.848 em 2021; e US$ 6.971 com cremação, de acordo com a Associação Nacional de Diretores de Funerais (NFDA, na sigla em inglês).

A compostagem humana já é legalizada em toda a Suécia. E enterros naturais, nos quais o corpo é enterrado sem caixão ou com um caixão biodegradável, são permitidos no Reino Unido.

- Texto originalmente publicado aqui.

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