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Espiã de Cuba deixará prisão nos EUA após 20 anos

Ana Belén Montes, que confessou crimes, foi presa dez dias após 11 de Setembro

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Miami | AFP

A espiã Ana Belén Montes, 65, condenada por fornecer informações sigilosas dos Estados Unidos ao regime de Cuba, será libertada no domingo (8), após mais de duas décadas na prisão, segundo documentos do Departamento Federal de Prisões divulgados nesta terça-feira (3).

Montes, que está presa em Fort Worth, no Texas, foi condenada em 2002 a 25 anos de reclusão pelo crime de conspiração, mas cumprirá o restante da pena em liberdade condicional. Segundo investigações, ela usou o cargo de analista na Agência de Inteligência de Defesa (DIA, na sigla em inglês) para acessar diversas informações confidenciais e transmiti-las à ditadura do líder Fidel Castro (1926-2016).

Ana Belén Montes, condenada por fornecer informações confidenciais dos EUA a Cuba
Ana Belén Montes, condenada por fornecer informações confidenciais dos EUA a Cuba - Divulgação FBI

Os crimes ocorreram de agosto de 1992 a setembro de 2001. Nascida na Alemanha e com nacionalidade americana, Montes trabalhava no Departamento de Justiça em 1984 quando chamou a atenção de agentes cubanos após expressar insatisfação com a política dos EUA para países da América Central.

À época, a região era considerada prioridade do governo de Ronald Reagan (1981-1989), que, na Guerra Fria, buscou conter o que chamava de "ameaça comunista" —o americano apoiou opositores a governos de esquerda, caso dos "contras", grupos armados que lutaram contra os sandinistas da Nicarágua.

Montes teria concordado em trabalhar para o regime cubano e, para cumprir a missão, conseguiu um cargo na DIA em 1985. Para não levantar suspeitas, nunca levou consigo documento de trabalho para casa, mas decorou detalhes e transmitiu informações criptografadas em um software fornecido por Cuba.

Segundo os promotores do caso, Montes revelou ao regime cubano a identidade de quatro agentes americanos que atuavam na ilha disfarçados. Ela também forneceu informações sigilosas sobre a defesa nacional dos EUA, além de detalhes sobre um exercício secreto de treinamento militar realizado em 1996.

Montes foi denunciada por um colega de trabalho em 1996, mas as autoridades dos EUA só abriram uma investigação sobre o caso quatro anos depois. Ela foi presa em 21 de setembro de 2001, dez dias após o 11 de Setembro —os atentados aumentaram as preocupações de Washington relacionadas à segurança nacional. Em 2002, foi condenada a 25 anos de prisão depois de se declarar culpada pelos crimes.

"Talvez o direito de Cuba de existir livre de coerções políticas e econômicas não justificasse o fornecimento de informações sigilosas. Só posso dizer que fiz o que achei certo para reparar uma grave injustiça", afirmou Montes em 2002, pouco antes de ser condenada.

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