Maduro diz que Venezuela está 'totalmente preparada' para retomar laços com os EUA

Ditador pede que Washington 'vire a página e deixe política extremista de lado' em nome do pragmatismo

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Caracas | AFP

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, disse neste domingo (1º) que está pronto para normalizar as relações com os Estados Unidos após anos como alvo de sanções de Washington.

"A Venezuela está preparada, totalmente preparada, para dar lugar a um processo de normalização das relações diplomáticas, consulares e políticas com este governo dos EUA e com os governos que vierem", disse Maduro em entrevista ao jornalista francês Ignacio Ramonet e à rede Telesur.

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, durante entrevista coletiva no Palácio Miraflores, em Caracas - Yuri Cortez - 30.nov.22/AFP

As relações entre Maduro e Washington estão rompidas desde 2019, quando Donald Trump, então no poder nos EUA, reconheceu Juan Guaidó, um dos principais opositores do regime, como líder efetivo —na semana passada, a oposição venezuelana decidiu não mais tratar Guaidó como presidente interino. Houve ainda uma série de sanções americanas contra o país, incluindo um embargo contra o petróleo.

O governo de Joe Biden se mantém formalmente contra Maduro por considerar fraudulenta sua reeleição em 2018, mas buscou algumas janelas de diálogo com Caracas em 2022, enviando delegações para se reunir com Maduro e negociar, entre outras temas, trocas de prisioneiros.

"Estamos preparados para diálogos ao mais alto nível, para relações de respeito, e esperamos que um halo de luz chegue aos EUA, que virem a página e deixem essa política extremista de lado e venham para políticas mais pragmáticas no que diz respeito à Venezuela", disse Maduro na entrevista deste domingo.

O pragmatismo a que ele se referiu ficou mais evidente quando celebrou a licença concedida pela Casa Branca à petroleira Chevron para voltar a importar petróleo e derivados produzidos no país caribenho —ainda que com a condição de que a PDVSA, gigante estatal do país, não seja beneficiada financeiramente.

"Mando uma mensagem a todas as empresas: a Venezuela está de portas abertas, com condições especiais para investimento e produção", disse Maduro, acrescentando ainda que "as coisas estão indo bem" com a União Europeia, com "diálogo permanente" com o chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell.

O líder venezuelano anunciou ainda que a Espanha aprovou Coromoto Godoy como novo embaixador da Venezuela em Madri, depois de o governo espanhol ter nomeado Ramón Santos Martínez como seu embaixador em Caracas após dois anos sem representação devido a tensões políticas.

Nos últimos meses, Maduro tem sido tratado com mais cordialidade por líderes europeus, a exemplo do presidente da França, Emmanuel Macron, que se encontrou com o venezuelano na COP27 e propôs um "trabalho bilateral". A aproximação tem razões óbvias: a Guerra da Ucrânia afetou o fornecimento de gás e de petróleo da Rússia para a Europa e, agora, o continente precisa de novos fornecedores.

Em junho, Paris defendeu a "diversificação das fontes de abastecimento de petróleo" durante uma reunião do G7 na Alemanha e apontou para o Irã e a Venezuela –os dois são alvos de sanções dos EUA e da UE.

Maduro também era esperado na posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Uma portaria do governo de Jair Bolsonaro (PL) que o impedia de viajar ao Brasil foi revogada às vésperas do evento, mas o ditador acabou deixando de comparecer. Caracas não explicou formalmente ao Itamaraty o motivo da ausência, e o regime foi representado pelo chefe do Legislativo venezuelano, Jorge Rodriguez.

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