Descrição de chapéu União Europeia Rússia

Guarda de embaixada britânica é condenado a 13 anos de prisão por espionar para Rússia

David Ballantyne Smith coletou informações confidenciais por mais de três anos, afirma Justiça britânica

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Londres | Reuters e AFP

Após cair em uma armadilha montada por autoridades, um ex-guarda da embaixada do Reino Unido em Berlim foi condenado nesta sexta (17) a 13 anos e dois meses de prisão por espionar para a Rússia.

Segundo a Justiça, o escocês David Ballantyne Smith, 58, coletou dados sigilosos por mais de três dos cinco anos em que atuou na representação —incluindo um documento com nomes, endereços e telefones dos funcionários da delegação britânica e uma carta de ministros para o então premiê Boris Johnson.

Imagem divulgada pela polícia mostra encontro de David Smith com Irina, agente disfarçada do Reino Unido
Imagem divulgada pela polícia mostra encontro de David Smith com Irina, agente disfarçada do Reino Unido - 9.ago.21/Metropolitan Police via AFP

O juiz Mark Wall disse que Smith colocou seus colegas "em risco máximo" e agiu motivado por suas opiniões anti-britânicas e pró-russas. "Estou certo de que você cometeu esses crimes com a intenção de ajudar a Rússia. Seu motivo para ajudá-los foi prejudicar os interesses britânicos", afirmou Wall.

O ex-guarda se declarou culpado de oito acusações que envolvem ações em 2020 e 2021, mas alega que não quis causar nenhum dano intencionalmente. Ele disse ao tribunal que tinha vergonha do que havia feito e que filmou documentos depois de beber sete litros de cerveja. O juiz, porém, afirmou que suas "atividades subversivas" começaram dois anos antes e rejeitou as insinuações de que estaria arrependido.

"Seus arrependimentos não passam de autopiedade", afirmou.

Se optar por ficar no Reino Unido, ele deve cumprir metade da sentença, ou dois terços caso queira ir para a Alemanha. Smith foi pego após uma carta enviada por ele ao militar russo Sergei Chukhrov ser interceptada por uma investigação conjunta entre as autoridades britânicas e alemãs.

Para confirmar a suspeita, um oficial do serviço de inteligência britânico se passou por Dmitri, um cidadão russo que prestava assistência ao Reino Unido e levou documentos a ele, em uma encenação. Smith caiu na armadilha e fotografou os papéis e as imagens do circuito interno de segurança da embaixada.

Imagens das câmeras de segurança mostram David Smith tirando fotos do circuito interno da embaixada
Imagens das câmeras de segurança mostram David Smith tirando fotos do circuito interno da embaixada - Metropolitan Police - 6.ago.21/AFP

Em seguida, ele foi abordado por Irina, outra agente disfarçada. Ela foi convocada para mostrar fotos de pessoas da embaixada russa suspeitas de espionagem. "Vou conversar com alguém e, assim que essa pessoa confirmar, falo com você. Não confio nos desgraçados para quem trabalho", disse Smith. "Você confiaria no MI5 [serviço de inteligência britânico]? Até onde sei, você pode estar trabalhando para eles."

A frase, de acordo com o magistrado, faz referência a alguém na embaixada russa com quem ele verificaria se Irina era de fato uma espiã —isso, afirma Wall, seria uma evidência de que Smith tinha contato contínuo com os russos. Um dia depois do encontro com a agente disfarçada, ele foi preso.

Segundo o jornal The Guardian, a polícia alemã descobriu uma caricatura do presidente Vladimir Putin no armário de Smith na embaixada. O desenho traz o líder russo segurando o pescoço da ex-primeira-ministra alemã, Angela Merkel, que veste um uniforme nazista, e a frase "Rússia, liberte-nos mais uma vez".

Smith não sacava dinheiro de sua conta corrente desde 2021, e durante uma operação de busca e apreensão na sua casa foram encontrados 800 euros, de acordo com o Guardian. Embora não haja documentação que comprove a quantia que ele teria recebido, o juiz afirmou que houve pagamento pela espionagem. "Considero esses pagamentos um fator significativo para agravar a culpa por suas ações."

Seus advogados negam que ele tenha recebido dinheiro e dizem que seu objetivo era apenas causar constrangimento à embaixada, por não se sentir bem tratado. Nick Price, chefe da Divisão Especial de Crimes do Reino Unido, disse que Smith foi motivado por "ganância e ódio" ao Reino Unido. "Esse ódio era palpável e o levou a se envolver em um comportamento realmente desprezível", afirmou.

O ministro da Segurança, Tom Tugendhat, descreveu Smith como um traidor. "Ele traiu todos nós e colocou nossa embaixada e nosso país em risco", afirmou ele no Twitter. "Sou grato ao MI5 e a seus incríveis oficiais, à polícia e aos nossos parceiros alemães."

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