Descrição de chapéu China

China busca aliados de Taiwan, e Honduras deve ser 1º a mudar de lado

Edição da China, terra do meio explica posição hondurenha e tendência entre outros aliados de Taipé

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Igor Patrick

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A presidente de Honduras, Xiomara Castro, deu os primeiros passos para remover o reconhecimento de Taiwan e estabelecer relações diplomáticas com a China continental. Pelo Twitter, a líder hondurenha eleita em 2021 disse que instruiu seu chanceler a "gerir a abertura de relações oficiais" com a China comunista, se abrindo para as nações do mundo.

O Ministério das Relações Exteriores chinês reagiu rapidamente à mensagem. Informou estar disposto a desenvolver "relações amistosas e cooperativas" com o país.

Se a decisão se confirmar, Taiwan ficará ainda mais isolada na sua premissa de ser vista como nação. Por um princípio diplomático acordado entre Taipé e Pequim, só existe "Uma Única China".

Funcionário local limpa o busto do ex-dirigente da China, Dr. Sun Yat-sen, em Tegucigalpa, capital de Honduras. Ao fundo, uma bandeira do país latino e de Taiwan - 15.mar.23/AFP

Cada país deve sinalizar qual soberania reconhece como legítima sobre o território chinês: a dos comunistas no território continental ou da ilha que o Partido Comunista considera uma província rebelde.

  • Taiwan costumava ser vista pela maior parte do mundo como a "verdadeira China", mas isso mudou quando os EUA passaram a reconhecer o governo continental em 1979;
  • A ação abriu espaço para que Pequim ocupasse a representação chinesa em fóruns multilaterais como o Conselho de Segurança da ONU;
  • Caso Honduras siga o plano anunciado, restarão hoje apenas 13 países a manterem relações com Taipé.

Semanas antes do anúncio, a líder hondurenha divulgou que havia aberto negociações com a China para a construção de uma hidrelétrica. O país também tomou emprestado cerca de U$ 300 milhões (cerca de R$ 1,5 bi) dos chineses para a construção de um projeto do mesmo tipo há dois anos.

A chancelaria taiwanesa alertou Honduras para que não caia na "armadilha chinesa". Por enquanto, Xiomara Castro afirmou que pretende manter os laços também com Taiwan, embora provavelmente não mais como país.

Por que importa: conforme a China cresce em relevância política e econômica, é quase inevitável que Taiwan perca espaço diplomático e reconhecimento de soberania. Pequim tem se esforçado em despejar grandes somas de dinheiro em nações que insistem nas relações com a ilha, tentando seduzi-los a trocar de lado.

Durante o auge da pandemia, os chineses quase conseguiram o feito com o Paraguai, que, sem vacinas contra a Covid, chegou a cogitar trocar de lado em troca de imunizantes chineses. Isso só não aconteceu porque os Estados Unidos foram rápidos em anunciar a doação de 1 milhão de doses da Pfizer a Assunção em junho de 2021.

O que também importa

Xi Jinping viajará à Rússia na próxima semana. De acordo com a Reuters, o líder chinês também deve falar por videoconferência com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, em seguida. Xi tem dado sinais de que tentará iniciar a mediação do conflito na Ucrânia. A visita a Moscou vai acontecer de segunda (20) à quarta (22), segundo comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores chinês .

Os EUA vão exigir que acionistas chineses vendam suas participações no TikTok para evitar o banimento da rede social em território americano. A informação foi publicada pelo jornal The Wall Street Journal, que citou fontes no Comitê de Investimento Estrangeiro nos EUA. O órgão avalia potenciais riscos de negócios à segurança nacional americana. A ByteDance reagiu e afirmou que uma venda forçada não altera potenciais riscos alegados por Washington. Atualmente, 60% da empresa pertence a investidores estrangeiros, seguidos de 20% dos funcionários e outros 20% dos fundadores.

Embaixadas e consulados chineses em todo o mundo voltaram a emitir vistos de turismo após quase três anos. A medida deve ajudar na recuperação do setor de serviços do país, sobretudo àqueles ligados diretamente ao turismo como hotéis, restaurantes e agências de viagem. Antes da pandemia, a China recebia em média 30 milhões de turistas anualmente, ocupando o posto de 11º destino mais popular no mundo.

O novo premiê chinês, Li Qiang, acusou os EUA de promoverem um cerco à China. Li comandava Xangai antes de subir ao segundo posto da hierarquia chinesa e deu sua primeira entrevista coletiva no novo cargo. Ele disse que acredita em uma rápida recuperação econômica chinesa e que vai trabalhar para promover maior cooperação com Washington. "Se cooperarmos, podemos realizar grandes coisas juntos. Cerco e repressão não são uma solução", avisou.

Fique de olho

A China anunciou que mediou com sucesso a retomada de relações diplomáticas entre Arábia Saudita e Irã, dois países inimigos de longa data no Oriente Médio. O plano é que as embaixadas de ambas as nações sejam reabertas em até dois meses, após o congelamento da relação em 2016.

Riad e Teerã tinham cortado todos os canais de diálogo após manifestantes iranianos invadirem postos diplomáticos sauditas pelo país, acusando o regime de envolvimento na morte de um clérigo muçulmano.

Por que importa: além de ampliar a presença na região, o acordo mediado pela China tem sido visto por observadores internacionais como uma forma de cacifar diplomatas chineses nas negociações de um conflito muito mais complexo: a Guerra da Ucrânia. Pequim tem dado sinais de que vai finalmente tentar estabelecer o diálogo entre Kiev e Moscou. Ter ajudado a aliviar a animosidade entre dois inimigos históricos no Oriente Médio certamente contará a favor.

Para ir a fundo

A Embaixada da China e o Instituto Confúcio vão oferecer cursos de chinês gratuitos para jornalistas e estudantes brasileiros. Além da capacitação básica no idioma, os melhores alunos receberão bolsas para visitar a China. Outras informações aqui. (gratuito) .

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