Descrição de chapéu The New York Times

Decisão por indiciamento pegou Trump e sua equipe de surpresa

Assessores do republicano acreditavam que júri ainda levaria semanas para tomar qualquer atitude

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Maggie Haberman
The New York Times

Em Mar-a-Lago, na Flórida, na noite da quinta-feira (30), o presidente Donald Trump ainda estava absorvendo a notícia de seu indiciamento criminal, segundo várias pessoas próximas a ele.

O ex-presidente e seus assessores foram pegos de surpresa com o timing do indiciamento. Pensavam que o júri ainda levaria semanas para tomar qualquer decisão e que era possível que não fizesse nada.

Alguns assessores estavam confiantes em que não haveria movimento algum até pelo menos o final de abril e estavam analisando as implicações políticas para o maior rival potencial de Trump, o governador da Flórida Ron DeSantis.

Apoiadora de Donald Trump nas proximidades da casa do ex-presidente em Mar-a-Lago Club, na Flórida, nesta quinta (30) - Chandan Khanna/AFP

Os detalhes específicos do indiciamento em Manhattan ainda não são conhecidos, mas a expectativa é que as acusações enfoquem o papel de Trump em um pagamento feito a uma atriz pornô nas vésperas da eleição presidencial de 2016 para comprar o silêncio dela.

Em sua residência em Palm Beach, o estado de ânimo de Trump nas últimas semanas tem oscilado entre o otimismo e as bravatas e a ansiedade em relação a seu futuro.

Trump vem mantendo uma programação relativamente normal em Mar-a-Lago, que ele descreve como "meu lindo lar" –comendo com convidados no clube, jogando golfe e falando a quase todos com quem conversava sobre como estava de ótimo humor e que acreditava que o caso movido contra ele pelo promotor distrital de Manhattan Alvin Bragg havia se desfeito.

Segundo pessoas que passaram tempo com ele nos últimos dias, em alguns momentos Trump tem dado a impressão de não ter plena consciência da gravidade de seus potenciais problemas com a Justiça.

Ele também vinha procurando moderar seu próprio comportamento, depois de postar em sua rede social um artigo noticioso com uma imagem de Bragg de um lado e de Trump segurando um taco de beisebol do outro. Seus advogados ficaram alarmados e acharam que Trump estava prejudicando a si mesmo. Ele não repetiu o ato.

Apesar de toda a confiança que Trump evidencia, a realidade é que ele teme e vem evitando um indiciamento há mais de quatro décadas, desde a primeira vez que foi investigado criminalmente, nos anos 1970. Ele assistiu horrorizado a seu ex-executivo financeiro chefe Allen Weissenberg entregar-se às autoridades, cena transmitida pela televisão em 2021. Weisselberg é apenas um pouco mais jovem que Trump, que disse a assessores não conseguir acreditar "no que estão fazendo àquele velho".

Na quinta-feira o ex-presidente reagiu à notícia de seu indiciamento com um comunicado em tom agressivo, descrevendo o voto do grande júri como "perseguição política e interferência eleitoral no mais alto nível da história".

Ele descreveu a investigação que levou ao indiciamento como a mais recente na longa sucessão de investigações criminais que ele já enfrentou, nenhuma das quais acabou em indiciamento.

"Os democratas mentiram, enganaram e roubaram em sua obsessão de tentar ‘pegar Trump’, mas agora eles fizeram o impensável", ele escreveu. "Indiciaram uma pessoa completamente inocente."

Na noite da quinta-feira, policiais locais estavam postados diante do portão de entrada de Mar-a-Lago. A mansão de cem anos que é a residência luxuosa do ex-presidente e também um clube particular sempre foi um lugar de refúgio para Trump. Mas não é mais. No verão passado, investigadores federais revistaram a propriedade.

E na quinta-feira foi em Mar-a-Lago que Trump soube que será o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a ser criminalmente indiciado.

Tradução de Clara Allain

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