Descrição de chapéu Folhajus América Latina

Filho e irmão de Petro são investigados por suspeita de corrupção na Colômbia

Nicólas e Juan Fernando são acusados de receber dinheiro de empresários e narcotraficantes; eles negam

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A Procuradoria-Geral da Colômbia está investigando o irmão e um dos filhos de Gustavo Petro por suspeita de corrupção. O órgão apura se eles se aproveitaram do parentesco com o então candidato à Presidência, em 2022, para receber dinheiro de empresários e narcotraficantes em troca de promessas de favores.

A investigação resulta de um pedido do próprio presidente feito na última quinta-feira (2). Horas depois, a revista colombiana Semana publicou uma entrevista com Day Vásquez, ex-esposa de Nicolás Petro, filho do líder colombiano, na qual ela diz que o ex-marido arrecadou milhares de dólares para a campanha de seu pai para gastos pessoais. O presidente, diz ela, não tinha conhecimento do caso.

Gustavo Petro durante evento na sede de seu partido; ao fundo, seu filho Nicolás
Gustavo Petro durante evento na sede de seu partido; ao fundo, seu filho Nicolás - Yuri Cortez - 29.mai.2022/AFP

Juan Fernando, irmão de Petro, já era investigado desde janeiro, segundo a Procuradoria —recai sobre ele a suspeita de negociar com narcotraficantes cadeiras nas mesas de negociação na "paz total", nome do ambicioso projeto do presidente que pretende acabar com a violência armada da Colômbia.

"Meu compromisso com a Colômbia é conseguir a paz, e quem quiser interferir nesse propósito ou tirar proveito pessoal disso não cabe no governo, inclusive se são membros da minha família" disse Petro. "Acredito que meu irmão e meu filho possam demonstrar sua inocência, mas respeitarei as conclusões a que a Justiça chegue."

Nicolás diz publicamente que também quer ser investigado pela Procuradoria para esclarecer rumores sobre a sua figura. "Ponho-me nas mãos da Procuradoria-Geral para ratificar minha inocência frente a essas vinculações que não são mais do que ataques políticos e pessoais", afirmou. "Não me reuni nem recebi nenhum tipo de favor político, pessoal ou econômico de nenhum personagem questionável."

Com informações fornecidas pela ex-esposa de Nicolás, a revista Cambio publicou neste domingo (5) seus extratos bancários, que não seriam correspondentes ao seu salário de US$ 3.300 (R$ 17 mil) na Assembleia de Atlântico, departamento onde se elegeu deputado.

A resposta de Juan Fernando, por outro lado, foi mais bélica. Ele acusou seu irmão de "colocar os seus para sofrer escárnio público, o que sem dúvida ultrapassa a fronteira do fraternal".

"Desenvolvi um trabalho silencioso ao longo de territórios isolados, em meio a comunidades, que nunca envolveu o oferecimento de benefícios a condenador em troca de favores", afirmou o irmão de Petro.

O irmão do presidente já prestou esclarecimentos à Justiça por essas denúncias no início de fevereiro, em um depoimento reservado de 40 minutos. Na ocasião, o advogado de Juan Fernando afirmou que seu cliente é vítima de uma rede de advogados que usa o seu nome para intermediar supostas negociações com o governo.

No início de 2022, durante a campanha presidencial, a imprensa colombiana afirmou que Juan Fernando teria oferecido benefícios a criminosos após ele ter visitado um presídio de Bogotá —na época, Petro desmentiu essa versão.

O governo já havia denunciado a existência de um cartel que suborna presos nas penitenciárias em troca de falsas promessas de participação em processos de paz e benefícios judiciais. "Meu governo não oferecerá benefícios a criminosos em troca de suborno", frisou Petro.

O caso ocorre em um momento difícil para o presidente colombiano. Petro começou a semana passada demitindo três ministros de seu gabinete, na primeira reforma ministerial de seu governo e na mais grave crise até então.

Um dos demitidos, Alejandro Gaviria (Educação), era uma espécie de garantia de moderação do primeiro presidente de esquerda da história do país, além de um notório crítico da reforma da Saúde que o governo quer aprovar.

No dia seguinte, Petro viu a desaprovação à sua figura superar a popularidade pela primeira vez em menos de um ano de governo —segundo a Invamer Poll, 40% dos colombianos aprovam o presidente, contra 51% que o rejeitam.

Com AFP

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.