Israel convoca reservistas após escalada de bombardeios e ataques

Onda de violência envolve dois ataques a tiros e trocas de disparos de foguetes entre Tel Aviv e grupos em Gaza e no Líbano

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Jerusalém | Reuters e AFP

O Exército de Israel convocou reservistas, nesta sexta-feira (7), para reforçar as tropas do país, horas depois de uma sequência de episódios que agravaram a já delicada segurança na região. O país trocou disparos de foguetes com o Líbano; um ataque a tiros matou duas mulheres e feriu uma terceira na Cisjordânia e, depois do anúncio da convocação, um homem jogou o carro contra turistas em Tel Aviv, matando um deles e ferindo outros sete.

Ainda não está claro o número exato de soldados a serem incorporados, mas a convocação escancara, mais uma vez, o aumento das tensões entre Israel e Palestina –desta vez, durante a celebração da Pessach e do Ramadã, importantes períodos religiosos para judeus e muçulmanos, respectivamente.

No momento do ataque na Cisjordânia, as três mulheres estavam dentro de um carro. As duas vítimas que morreram eram irmãs de 16 e 20 anos; a mãe delas sobreviveu ao ataque com ferimentos graves.

Foguetes disparados da Faixa de Gaza em direção a Israel - Rizek Abdeljawad/Xinhua

O Exército informou que o veículo foi atacado na passagem de Hamra, ao norte do vale do rio Jordão, em território palestino ocupado por Israel desde 1967. Os militares também anunciaram um bloqueio das estradas da região para operações de buscas aos que chamaram de terroristas. As duas mulheres mortas também tinham cidadania britânica, de acordo com o governo do Reino Unido. No comunicado, o país europeu pediu o fim da violência às partes do conflito.

Em Tel Aviv, um turista foi morto e cinco ficaram feridos também nesta sexta. O agressor avançou com o carro e também atirou contra as vítimas. Segundo a imprensa israelense, a pessoa que morreu é um turista italiano de 35 anos. As pessoas feridas também são turistas com idades entre 17 e 70 anos, mas não está claro quais são seus países de origem. O autor do ataque foi identificado como um cidadão árabe-israelense da cidade de Kafr Qassem e foi morto a tiros por policiais.

O novo episódio fez com que o premiê Binyamin Netanyahu também convocasse reservistas para reforçar a segurança da capital. Agentes das forças que monitoram as fronteiras foram realocados para responder à onda de violência.

As mortes acontecem em plena escalada da tensão entre israelenses e palestinos, iniciada na quarta (5), quando a polícia de Israel invadiu a mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, e entrou em confronto com centenas de palestinos que passavam a noite no local –doze ficaram feridos. Como de costume, as duas partes se acusam mutuamente pelo início da briga.

Paralelamente, na quinta (6), 34 foguetes foram disparados do Líbano em direção ao norte de Israel –o sistema de defesa aéreo israelense conseguiu interceptar 25, e ninguém ficou ferido. Foi o maior ataque desde 2006, quando Israel travou uma guerra com o Hizbullah, movimento xiita libanês.

Tel Aviv atribuiu os disparos ao Hamas, grupo fundamentalista palestino. No mesmo dia, o chefe da organização, Ismail Haniyeh, visitou o Líbano. Especialistas em segurança disseram à agência de notícias Reuters que o Hizbullah autorizou os ataques. O premiê do Líbano, Najib Mikati, emitiu uma declaração condenando quaisquer operações militares de seu território que ameacem a estabilidade da região.

De qualquer forma, Israel revidou os ataques. Na madrugada desta sexta, militares israelenses dispararam contra o Líbano e contra a Faixa de Gaza, território palestino controlado pelo Hamas. Tel Aviv diz que as explosões atingiram dez alvos, incluindo túneis e locais de fabricação e desenvolvimento de armas do grupo fundamentalista. Israel apelou ainda ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para condenar o lançamento de foguetes de que foi alvo.

Por volta das 4h, no horário local, os militares disseram que também atingiram três alvos de infraestrutura do Hamas no sul do Líbano. As explosões aconteceram na região do campo de refugiados de Rashidiyeh, perto da cidade de Tiro. Não houve feridos, segundo as autoridades libanesas.

"A resposta de Israel, esta noite e depois, cobrará um preço significativo de nossos inimigos", disse o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu.

Em mais um contra-ataque, o Hamas voltou a disparar foguetes contra Israel, o que acionou sirenes de alerta em cidades e vilas do sul do país. No dia anterior, os moradores da região precisaram interromper as orações da Pessach para se protegerem em abrigos. A ação também não deixou feridos.

Na Palestina, os ataques também interromperam o Ramadã; as ruas de Gaza, por exemplo, estavam vazias nesta sexta, de acordo com a Reuters.

A Unifil, missão de manutenção da paz da ONU no Líbano, disse que conversou com as partes e que ambos os lados disseram que não buscam a guerra. Um porta-voz militar israelense disse que as operações do país acabaram. "Ninguém quer uma escalada agora", afirmou. "O silêncio será respondido com silêncio".

Resta saber quando o silêncio, mais uma vez, será quebrado.

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