Descrição de chapéu Coreia do Norte

Coreia do Norte diz que acordo entre EUA e Seul deixa região à beira de guerra nuclear

Para Pyongyang, pacto coloca a península em 'pântano de instabilidade'

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Seul | Reuters

A Coreia do Norte criticou um recente acordo entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul, que reforça a implantação de ativos estratégicos americanos na região, por escalar a tensão "à beira de uma guerra nuclear". A represália foi publicada pela imprensa estatal KCNA nesta segunda (1°), pelo horário local (domingo à noite em Brasília).

O presidente dos EUA, Joe Biden, e o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, se reuniram numa cúpula na semana passada, durante a qual Biden prometeu ajudar Seul no seu planejamento nuclear, à medida que cresce a ansiedade a respeito do programa de armamento do país vizinho.

Lançamento de um míssil balístico intercontinental no aeroporto internacional de Pyongyang - KCNA via AFP - 17.mar.23

Ambos os líderes concordaram em fortalecer as defesas da Coreia do Sul contra a ditadura da Coreia do Norte. Como parte dos esforços, um submarino de mísseis balísticos com armas nucleares da Marinha dos EUA visitará a Coreia do Sul pela primeira vez desde a década de 1980.

A KCNA informou que o acordo estipulava a disposição dos aliados de tomar "a ação mais hostil e agressiva" contra a Coreia do Norte, citando Choe Ju Hyon, um analista de segurança internacional. "A instalação de ativos estratégicos americanos colocou a situação da península coreana em um pântano de instabilidade e pretende construir blocos militares agressivos e exclusivos na região", afirmou.

"É o objetivo sinistro hegemônico perseguido pelos EUA transformar toda a Coreia do Sul em seu maior posto avançado de guerra nuclear no Extremo Oriente e usá-lo efetivamente para alcançar sua estratégia de dominar o mundo", acrescentou.

A cúpula marcou uma nova e perigosa era, consonante com o clima beligerante do mundo atual, no qual a Guerra da Ucrânia se mostra a face aguda do confronto geopolítico maior entre EUA e China. No caso coreano, é o fim da tentativa dos EUA de desnuclearizar a península, iniciada com a diplomacia personalista de Donald Trump. De 2017 a 2019, o então presidente americano primeiro pressionou o "homem-foguete" Kim, ameaçando usar "fogo e fúria" contra o ditador, mas depois abriu as portas a ele.

Eles se encontraram três vezes, uma das quais na famosa Zona Desmilitarizada na fronteira das duas Coreias. Na última vez, as negociações desandaram em Hanói (Vietnã), e desde então houve uma escalada na atividade nuclear do Norte. Desde o ano passado, testes de mísseis com capacidades nucleares passaram a ser quase semanais, com novas armas sendo apresentadas.

Ninguém sabe quantas ogivas o regime de Kim tem, talvez 30 na estimativa da Federação dos Cientistas Americanos, mas o fato é que hoje Pyongyang é uma potência nuclear reconhecida.

Os governos da Rússia e da china criticaram duramente o acordo nuclear entre os EUA e a Coreia do Sul. Pyongyang é aliada de Moscou e Pequim, fiadoras do norte comunista na guerra contra o sul capitalista apoiado por Washington na península, que a deixou dividida num armistício que nunca virou pacto de paz.

"Esse desenvolvimento é desestabilizador em sua natureza e terá sérias consequências negativas para a segurança regional, impactando a estabilidade global", afirmou em nota a chancelaria russa.

Para a pasta, o acordo "não traz nada além de uma escalada de tensões" e pode provocar "uma corrida armamentista" na região.

Kim Yo-jong, irmã do ditador norte-coreano que atua como uma espécie de porta-voz de declarações do tipo, afirmou na sexta (28) que o acordo entre Washington e Seul vai piorar a insegurança na península coreana.

Ela acrescentou que seu país está convencido de que deve ampliar a "dissuasão de guerra nuclear". Há ainda o temor de que Pyongyang pretenda fazer uma ação mais chamativa, com um ensaio ousado de mísseis ou mesmo um teste nuclear —o país já explodiu seis artefatos, sempre com potência e sofisticação crescente, de 2006 a 2017.

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