Papa Francisco diz que sexo é 'uma das coisas belas que Deus deu ao ser humano'

Comentário foi feito em conversa durante produção de documentário da Disney+

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Cidade do Vaticano | Reuters

O sexo é "uma das coisas belas que Deus deu ao ser humano", afirmou o papa Francisco em um documentário lançado nesta quarta-feira (5).

O pontífice de 86 anos fez o comentário no "The Pope Answers", da Disney+, produção que registra uma reunião que ele teve no ano passado em Roma com dez pessoas na casa dos 20 anos. Francisco foi questionado pelos jovens sobre uma diversos tópicos, incluindo direitos LGBTQIA+, aborto, indústria pornográfica, sexo, fé e abuso sexual dentro da Igreja Católica.

Papa Francisco cumprimenta fieis na Praça de São Pedro, no Vaticano - Yara Nardi/Reuters

Ele, porém, fez uma ressalva. "Expressar-se sexualmente é uma riqueza. Portanto, qualquer coisa que diminua a expressão sexual real te diminui e esgota essa riqueza", disse ele, referindo-se à masturbação.

Ele já havia afirmado algo parecido em um livro, lançado em setembro de 2020. "O prazer vem diretamente de Deus. Não é católico, nem cristão, nem nada parecido, é simplesmente divino", afirma o pontífice na obra. "O prazer de comer serve para manter uma boa saúde, da mesma forma que o prazer sexual serve para embelezar o amor e garantir a continuidade da espécie. (...) O prazer de comer e o prazer sexual vêm de Deus."

No documentário lançado nesta quarta, perguntaram ao pontífice se ele sabia o que é uma pessoa não-binária, e ele respondeu afirmativamente. Ele repetiu que as pessoas LGBT devem ser acolhidas pela Igreja Católica. "Todas as pessoas são filhos de Deus, todas as pessoas. Deus não rejeita ninguém, Deus é um pai. E eu não tenho o direito de expulsar ninguém da Igreja", disse ele.

Sobre o aborto, Francisco disse que os padres devem ser "misericordiosos" com as mulheres que interromperam a gravidez, mas que a prática é inaceitável. "É bom chamar as coisas pelo nome. Uma coisa é acompanhar a pessoa que abortou, outra é justificar o ato", afirmou.

As declarações do papa foram publicadas pelo L'Osservatore Romano, o jornal oficial do Vaticano. A publicação descreveu sua conversa com os jovens como um "diálogo aberto e sincero".

O papa Francisco é conhecido por ser bem mais aberto em relação a temas como divórcio e diversidade sexual do que seu antecessor, o alemão Joseph Ratzinger, morto em dezembro do ano passado aos 95 anos. O perfil do atual líder da igreja normalmente é visto com simpatia pelo mundo secular, que costuma enxergar nele o símbolo de uma reforma vista como necessária no catolicismo. Entre os setores conservadores dentro da Igreja, porém, as manifestações espontâneas do pontífice não agradam tanto.

Em termos práticos, as mudanças são sutis. Um dos exemplos é em relação ao divórcio. Antes de Francisco, a lei canônica já permitia que um casal pedisse a anulação de seu casamento, em um processo custoso e complexo burocraticamente. Agora, o trâmite foi simplificado e toda diocese pode iniciá-lo.

Algo parecido com a questão do aborto. Na visão católica, o procedimento continua sendo um pecado grave e passível de excomunhão, mas até Bento 16, só bispos ou sacerdotes especialmente designados para esse fim podiam conceder a sua absolvição —poder que foi estendido a qualquer padre a partir de 2016.

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