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China recebe líderes da Ásia Central para ocupar vácuo deixado pela Rússia

Xi organiza cúpula na cidade de Xi'an no mesmo momento em que países do G7 se encontram no Japão

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Xi'an (China) | AFP e Reuters

Para reforçar sua influência regional, o líder da China, Xi Jinping, recebe na quinta (18) e na sexta (19) os líderes de cinco ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central, num encontro que coincide com a reunião do G7.

Em Xi'an, o dirigente chinês se reunirá com os chefes de Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão, na primeira cúpula do tipo desde que foram estabelecidos elos diplomáticos entre Pequim e esses países, em 1992, após o fim da União Soviética.

Os líderes de Quirguistão, Tadjiquistão, Cazaquistão, Turcomenistão, Uzbequistão e China assistem a apresentação durante cerimônia de boas-vindas de cúpula com países da Ásia Central, em Xi'an
Os líderes de Quirguistão, Tadjiquistão, Cazaquistão, Turcomenistão, Uzbequistão e China assistem a apresentação durante cerimônia de boas-vindas de cúpula com países da Ásia Central, em Xi'an - Florence Lo/Reuters

Por toda a cidade, de onde a antiga Rota da Seda conectava a China imperial às civilizações do oeste há mais de um milênio, foram colocadas faixas, outdoors e até sinais de táxi para promover a cúpula.

Inicialmente ligadas ao Império Russo e depois à União Soviética, essas nações possuem fortes laços econômicos, linguísticos e diplomáticos com Moscou. Mas a Guerra da Ucrânia fez com que a influência russa perdesse força —o Cazaquistão, por exemplo, disse não reconhecer as regiões controladas pela Rússia no leste da Ucrânia, e o Tadjiquistão exigiu recentemente mais respeito do Kremlin.

Assim, o regime de Xi, que definiu o encontro como de "importância transcendental", busca preencher o espaço deixado para ampliar a projeção internacional da China. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores do país, o encontro em Xi'an vai gerar a assinatura de um "documento político importante".

O primeiro chefe de Estado a chegar à cidade chinesa foi Kassim-Jomart Tokaiev, do Cazaquistão, o maior parceiro comercial da China na Ásia Central. Com Xi, afirmou que os países devem construir uma "amizade duradoura" e compartilhar "alegrias e tristezas" e prometeu garantir a operação estável do trecho cazaque do gasoduto China-Ásia Central, além do aprofundamento da cooperação em petróleo e urânio.

Na quarta-feira (17), curiosamente, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, de acordo com a agência estatal russa de notícias Tass, telefonou para Tokaiev para reafirmar os laços entre os países.

Na mesma toada do Cazaquistão, o líder do Quirguistão, Sadir Japarov, afirmou a Xi que estava ansioso para aprofundar os laços comerciais, econômicos e de investimento com o gigante asiático. "Não há desacordos políticos ou questões não resolvidas entre nossos países."

O encontro na China acontece ao mesmo tempo em que é realizada, em Hiroshima, a reunião do G7, grupo que reúne Canadá, França, EUA, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido, algumas das principais economias do mundo, em meio a um contexto em que potências ocidentais enxergam Pequim como uma ameaça.

Tóquio, que preside o G7 no momento e sedia a cúpula deste ano, também convidou governantes de Brasil, Índia e Indonésia, entre outros, numa tentativa de aproximar o grupo de países em desenvolvimento, principalmente aqueles que integram o chamado Sul Global, onde a China faz grandes investimentos.

Segundo a China, o comércio do país com Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão atingiu em 2022 US$ 70 bilhões (R$ 347 bilhões, na cotação atual), além de ter registrado no primeiro trimestre de 2023 um aumento de 22% em relação ao mesmo período no ano anterior.

O Cazaquistão lidera a lista, com US$ 31 bilhões, seguido por Quirguistão (US$ 15,5 bilhões), Turcomenistão (US$ 11,2 bilhões), Uzbequistão (US$ 9,8 bilhões) e, por fim, Tadjiquistão (US$ 2 bilhões).

As ex-repúblicas soviéticas ocupam um lugar central na Iniciativa Cinturão e Rota, o maior projeto de política externa da China sob a liderança de Xi. O programa, apresentado em 2013, é um plano faraônico que pretende construir estradas, portos, ferrovias e outras infraestruturas no exterior com capital chinês.

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